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Benedito Galavote

1948 - 2020

Um homem com tantas histórias, que podiam virar um livro.

Benedito Galavote, ou simplesmente Dito, era um homem inspirador pela paixão intensa com que vivia a vida. Botava o coração em tudo o que se propunha a fazer: lecionar, cantar, torcer pelo seu time, organizar reuniões de família.

Nestas reuniões familiares, fosse na casa de São Paulo, de Cerquilho ou da praia, um convidado nunca podia faltar: o seu karaokê. Convencia todos a cantar as músicas do seu playlist, que nunca mudava. Era muito difícil resistir ao seu sorriso e alegria contagiantes. Sua sobrinha, e afilhada, conta que costumava acompanhá-lo nas várias serenatas de final de ano, promovidas por ele, saindo pelas ruas com um grupo musical na caçamba de um caminhão para cantar em frente à casa das pessoas que lhes eram queridas.

Seu Dito tinha várias facetas. Por exemplo, era um catequizador a serviço de angariar novos torcedores para o seu São Paulo FC. Sua eficiência era de fazer inveja ao próprio Anchieta. A tática era simples. Bastava um novo sobrinho ou sobrinha chegar ao mundo e lá vinha ele com o presente, cheio de segundas intenções, para o recém-nascido: a famosa camisa branca com as listas horizontais vermelha e preta, na altura do peito, ou a tricolor, com as listas verticais: vermelha, preta e branca.

Benedito era casado com Claride e com ela teve a filha Eliane e mais dois filhos de coração: Sueli e Paulo César. Outro integrante da família era o cachorrinho salsicha, chamado Bily. Bastava alguém chegar perto do Benedito e lá vinha o Bily rosnar, cheio de ciúmes. O Bily não era do Benedito, mas sim, o Benedito é que era do Bily.

Benedito era fã de Elvis Presley, adorava cantar suas músicas. Quem sabe, nesta nova jornada, ele já não tenha encontrado o seu ídolo e agora estão, os dois juntos, fazendo um belo dueto?

Benedito nasceu em Cerquilho (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela sobrinha de Benedito, Damana Rodrigues. Este texto foi apurado e escrito por Fabio Victoria, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 5 de julho de 2020.