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Benedito Ruy Simões

1959 - 2020

Bené: o marceneiro apaixonado que transformava matéria-prima em poesia.

O Bené era uma dessas pessoas que a gente bem sabe que não dá para encontrar em qualquer esquina. Tanto que ele coleciona uma legião de fãs: não há um(a) ex-aluno(a) do Centro de Artes da Faculdade Federal do Espírito Santo (UFES) que não o admire profundamente. Ele não só era a alma daquele lugar, como também todo o seu baú de memórias.

Bené trabalhava como profissional responsável pelo galpão de marcenaria e escultura. Era um senhor muito sorridente, alguém que externava simplicidade pelos poros. Usava roupas surradas e velhas, o que mostrava também o quanto nunca se preocupou, de fato, com qualquer vaidade. Era muito honesto e extremamente pontual.

Fica na memória a sua generosidade, a sua disponibilidade para ajudar todos que chegassem ao galpão à procura de ajuda — seja para cortar uma madeira, seja para dar uma vida nova a qualquer objeto vazio.

Fica também a sua paixão pela marcenaria: Bené era o cara que dava formas poéticas a qualquer matéria-prima, aquele que transformava pedaços de madeira em arte, e talvez, um dos únicos que soubessem dar uma função real a qualquer tipo de parafuso do mundo.

Obrigado por tudo, meu querido Bené!

Benedito nasceu em Vitória (ES) e faleceu em Vitória (ES), aos 61 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo ex-aluno de Benedito, Juan Gonçalves. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Laura Capanema, revisado por Lígia Franzin e moderado por Laura Capanema em 21 de julho de 2020.