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Bernadeth Santana do Carmo

1973 - 2020

Uma mulher que só pensava em ajudar. Doava-se por completo à família e ao trabalho.

“O pessoal está precisando de mim”. Essa era uma frase que Jairo ouvia da esposa Bernadeth a todo o momento. Nascida em Manaus, era a mais velha entre os outros dois irmãos. Foi para Sergipe ainda nova, acompanhando a mãe, após a separação de seus pais.

Era formada em Psicologia e tinha a certeza de que ajudar o próximo era a maior vocação de sua vida. Berna, como era chamada, trabalhava no município de Rosário do Catete, em Sergipe, desde 2017, e ocupou o cargo de Secretária de Assistência e Desenvolvimento Social por cerca de sete meses. “Graças a Deus ela colocou o trabalho como prioridade. Doava-se muito. Sempre fazia o melhor para os outros e buscava ajudar. Nunca vi mentir para coisa alguma, era uma pessoa extremamente ética”, conta o marido.

Para distrair um pouco da rotina, a casa da mãe e o sítio da família eram destinos certos para passar o tempo livre aos finais de semana. “A gente geralmente só contava com o domingo de folga e se tinha uma coisa que ela gostava era de dormir”, brinca Jairo. “Às vezes, íamos apenas para cochilar na rede. Eu chamava para tomar um banho de piscina, mas respeitava o momento de descanso, porque ela trabalhava muito. E, realmente, se mudasse a rotina puxada não seria Berna”.

Outro pilar importante era a religião. Incentivou que o marido participasse também, até que os dois foram batizados na igreja evangélica. “Eu não acompanhava tanto durante a semana, por conta do trabalho, mas íamos juntos aos domingos. E foi muito difícil voltar sozinho, pois foi ela quem me fez frequentar e me incentivou no batismo”, explica Jairo.

Berna realizou o sonho de comprar, com o marido, o apartamento onde morava. Era reconhecida pela função que exercia e aproveitou as pequenas alegrias da vida. “Ela era muito verdadeira. Podia até ser difícil ser amigo dela, mas quando alguém conquistava um espaço no coração, era amigo de verdade mesmo. Diziam que éramos muito diferentes, mas isso nos completava. Fazê-la sorrir sempre foi uma das promessas mais importantes que fiz. E ela sorriu bastante comigo”, relembra Jairo.

Bernadeth nasceu em Manaus (AM) e faleceu em Aracaju (SE), aos 47 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo marido de Bernadeth, Jairo Emanuel Santos Dias. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Letícia Nery, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 11 de outubro de 2020.