1950 - 2020
Com sua fé e fervor foi um canal de luz a iluminar a vida de sua família e amigos.
Brincalhão e simples, assim era Carlão ─ como todos o conheciam ─, um homem de alma jovem, doente pelo Flamengo, sempre muito espirituoso e que levava consigo, dentro do coração, a alegria de uma criança. Divertido, alegrava as festas da família com suas brincadeiras e bom humor, fazendo com que todos, inclusive os amigos, amassem sua companhia.
Carlos e Maria das Graças se conheceram em 1972, por meio de um irmão dela. Foi amor à primeira vista e, desde então, nunca mais se separaram. A ela dedicou todo seu amor por quase cinquenta anos e, juntos tiveram quatro filhos dos quais tinham muito orgulho: Regilson, Alessandra, Fabíola e Karla.
Foi um marido apaixonado, o orgulho de sua esposa e da família que construiu. Tiveram, como toda família, seus momentos difíceis, mas, com muito amor, superaram todas as dificuldades. Pai zeloso e amoroso cuidava da sua prole como um leão. Era tão ciumento que chegava a dizer que “se pudesse, colocaria todos em uma caixinha”.
Seus filhos lhe deram quatro netos. Infelizmente, Carlos não chegou a conhecer Saulo, a quem aguardava ansiosamente, que seria o segundo neto homem. Partiu dez dias antes de seu nascimento. Mesmo assim, foi avô de Saulo também, pois acompanhou parte de sua gestação e foi o responsável pela educação primorosa de sua mãe.
Carlão era um homem bastante vaidoso que gostava de cuidar da saúde e, também, de sua aparência. Caminhava regularmente e dizia se sentir um garotão com seus 69 anos. Seu maior desejo era viver muito para poder continuar cuidando da família.
Trabalhou por trinta e cinco anos como despachante aduaneiro em um único emprego, uma empresa familiar. Por meio desse trabalho, criou, educou e manteve sua esposa e filhos com muita dignidade.
Além da família, tinha outras duas grandes paixões: sua fé e seu time do coração. Costumava dizer que, nesta vida, a única coisa que importava era Deus e sua família.
Religioso, era católico praticante e devoto de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Como um Guardião da Paz, rezava o terço três vezes ao dia ─ pela manhã, à tarde e à noite ─, sentado numa cadeira de balanço na porta de sua casa, agradecendo e pedindo proteção para seus amigos e familiares. Sua devoção teve início quando ainda trabalhava e não perdia uma só novena de Nossa Senhora Aparecida, às terças-feiras. Tinha muita fé e seu dia só começava após fazer suas orações. Isto fazia dele um canal de luz. Um intercessor no pedido de bênçãos.
Seu esporte preferido sempre foi o futebol. Quando jovem, jogou em alguns times da segunda divisão de Manaus, como o Fast Futebol Clube e o Rodoviária. Elegeu como time do coração o Clube de Regatas Flamengo e, devido a essa paixão, todos os filhos e netos também acabaram torcendo para o Flamengo, o que acabou se tornando uma tradição e uma paixão da família inteira.
Em dia de jogo, a casa virava um Maracanã. Ele nem saía de casa e todos vinham para assistir ao jogo juntos e, a única coisa que tirava Carlão do sério era quando o Flamengo perdia um jogo.
A vida de sua família nunca mais foi a mesma. "Com sua partida, o mundo ficou triste e cinza sem suas risadas e brincadeiras”. Entretanto, ninguém será capaz de negar que muitos sorrisos hão de vir aos lábios de cada um, graças às inúmeras experiências vividas ao lado desse homem extraordinário. Sua memória há de ser honrada com demonstrações de fé, a fé que Carlão ensinou a ter e com sua devoção pela família, isso sim é uma bela forma de homenagear alguém tão amado que partiu.
Carlos nasceu em Manaus (AM) e faleceu em Manaus (AM), aos 69 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Carlos, Alessandra Mendes de Oliveira. Este tributo foi apurado por Patrícia Garzella, editado por Vera Dias, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 27 de novembro de 2020.