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Carlos Augusto Medeiros

1944 - 2021

Espirituoso e sereno, apreciava reunir a família e os amigos, caminhar por sua cidade e contar histórias.

Sempre muito espirituoso, Carlos, ou Caio, como era chamado, foi esposo fiel e sempre dedicado à família, pai exemplar e incentivador ─ queria que os filhos fossem transformação, do seu jeito sempre sereno e paciente ─, avô amoroso e orgulhoso, sogro e tio acolhedor e presente. Foi ainda profissional dedicado, honesto e correto. Potiguar e natalense cheio de estima por sua terra, que tanto o inspirava, era um cristão bom e um homem de fé.

Gostava de festas e comemorações. Queria agregar, juntar a família e os amigos. Tinha prazer enorme em dar presentes, dos mais variados tipos, e se animava em distribuí-los.

Apreciava andar ─ parava o carro geralmente longe do seu destino para caminhar mais, principalmente na Cidade Alta e na Ribeira. Alegrava-o passear por Natal e contar as histórias dele, da família e da cidade. Falava de seu Victor e dona Lica. Vez por outra, já um pouco cansado, sentava num banco e falava, falava... Dizia de quando era pequeno, das aventuras e andanças. Sempre foi muito expansivo nos relatos dos causos e eventos. Lá na Vila... Nas férias em Touros...

Entusiasmado por futebol, torcia passionalmente pelo Alecrim, pela Portuguesa e pelo Vasco da Gama, sempre relatando com orgulho a história dos clubes. Inclusive fundou um: o Azulão, sediado na Granja Potiguarina.

Adorava decorar a casa para o Natal, São João ou Páscoa. Enviava para os filhos cartas e mais cartas com recortes de jornais e o lembrete: "Leiam, leiam e leiam!" Os livros, empoeirados mas sempre lembrados, são um registro da biblioteca que foi construindo ao longo da vida e que hoje repousa silenciosa sob a brisa de Natal.

Partiu na véspera de Reis, festa católica de que tanto gostava. Nessa data, ele acenderia velas, compraria cestinhas, barquinhos de papel e bonecas “freirinhas”, e rezaria pelos Santos Reis Magos, como seus pais faziam ─ herdou deles o hábito: “Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-Lo”. Sabemos que agora ele está lá, adorando-O.

Carlos nasceu em Natal (RN) e faleceu em Natal (RN), aos 76 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo filho de Carlos, Valério Augusto Soares de Medeiros. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 24 de fevereiro de 2021.