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Carlos Henrique Neves de Azeredo

1951 - 2020

Carlão fazia amigos por onde andava no Rio e orgulhava-se da família grande que construiu.

O Carlos ou o Carlão fazia amigos por onde andava no Rio. “Não havia como encontrá-lo sem abraçá-lo e beijá-lo", lembra a enteada Julia Espindola.

Sua vida ganhou mais alegria aos seis anos quando a mãe, Vera, se uniu a Carlão. E aí, como agregar pessoas era um dom incrível de seu padrasto, a família foi só aumentando. Vieram também Tatiana e Marcelo Neves, filhos do casamento com Rose, com quem Carlos e Vera tinham uma linda e sólida amizade. E assim, somados aos amigos, ele celebrava a vida, de preferência, fazendo "aquele" churrasquinho. Estar com os seus era o que Carlão mais gostava de fazer. E que orgulho ele tinha da família grande e unida que construiu.

Não só pelos momentos de comemorações que será lembrado. Ao agradecer por tudo o que o pai representou em sua vida, a filha Tatiana revela o coração mole de Carlos: “Obrigada por tudo o que você me ensinou, por todas as suas broncas, seus conselhos, por cada lágrima que deixava cair vibrando pelas nossas conquistas”. Ser levada ao altar por seu amado paizinho no dia de seu casamento está entre as lembranças mais felizes de Tati e de todos os que testemunharam o momento. Já Marcelo encontra paz nas lembranças construídas pelo pai ao cumprir com louvor a sua missão na Terra. “Traz conforto saber que você só está vivendo em outro plano, com esse espírito do bem, justo que sempre foi. Sou grato por tudo o que construiu e sei que um dia nos encontraremos novamente”, reflete o filho.

Não é à toa que o tamanho do coração e a alegria de viver desse carioca são exaltados por todos aqueles com quem Carlão convivia. No comércio da rua, era um rosto conhecido e passava cumprimentando as pessoas pelo nome. Também era muito benquisto pelos companheiros de pescaria, do clube de moto Águia de Ouro, dos amigos que fez numa vida inteira de trabalho no Banco Central e ainda pelos que se reuniam para ver o jogo do Fluzão.

Apesar de se despedir tão cedo, se dedicou a amar e curtiu muito a vida com os seus. E é por isso que a Tati e o Marcelo, ao caminhar pelas ruas do Rio, podem dizer com todo orgulho do mundo: “Sim, eu sou filho do Carlão”.

Carlos nasceu em Niterói (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 68 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela enteada de Carlos, Julia Espindola. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Jaqueline Oliveira, revisado por Lícia Zanol e moderado por Rayane Urani em 26 de junho de 2020.