1955 - 2020
"Eu não sou velho pra ficar tomando mingau", dizia ele, em tom de brincadeira, quando queria outra refeição.
Gordinho e de estatura mediana, nascido em uma comunidade do interior do Pará. Era moreno, provavelmente por conta de uma mistura de origens: indígena e negra.
Casou-se duas vezes, no primeiro relacionamento, teve cinco filhos; já no segundo, ganhou sete enteados. Teve mais uma filha, fora do casamento, e era vovô de muitos netos. Viveu 29 anos com a sua esposa e companheira, Zilda.
Todo vaidoso e dono de uma alma jovem, conviver com ele era doce e agradável. Onde ele estava, não tinha como alguém ficar triste, pois ele era sinônimo de leveza e paz, muito brincalhão, estava sempre sorrindo e fazendo a alegria de todos.
Embora tenha estudado só até a quinta série, dominava a matemática e fazia as contas de cabeça com facilidade, era daquela geração que não precisava usar calculadora e nem agenda telefônica.
Exercia a função de mestre de obras em construção civil, apaixonado pela profissão, ensinou tudo que sabia para os filhos, enteados e sobrinhos, que seguiram a mesma carreira que ele.
Tinha o hábito de acordar cedo, cinco horas da manhã ele já estava em pé para fazer o café e ir comprar pão, adorava comer bem. Era apressado, tudo que queria era "pra ontem". Mas, ao mesmo tempo, quando surgia algum problema, ele não se importava tanto, sempre levava na brincadeira.
Não faltava uma boa piada na ponta de sua língua, arrancou diversos sorrisos de todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo.
O flamenguista que espalhou amor e felicidade, agora deixa muita saudade.
Carlos nasceu em Santarém (PA) e faleceu em Manaus (AM), aos 64 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Carlos. Este tributo foi apurado por Phydia de Athayde, editado por Bianca Ramos, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 4 de julho de 2020.