Sobre o Inumeráveis

Célia Regina Necchi de Souza

1961 - 2022

No chão com os netos, no barco ou lendo nuvens no céu, seu olhar para vida era traduzido no belo sorriso.

Célia era aquela pessoa que sempre via o lado belo e positivo em todas as situações. Como mãe, filha, avó, amiga e até confidente, muito amou e foi amada!

Valorizava bastante a união familiar e a qualquer momento estava pronta para ajudar. Seus pais, Iracema e Francisco, conheciam bem a filha dedicada e por isso eles e os irmãos Eliete, Eliana, Tânia, Lucilene e Renan sentem tanto a sua falta.

Formou-se na Escola Estadual Professor José Felício Mizziara, onde fez Curso Técnico em Contabilidade e "desfilou na parada de 7 de Setembro", como contava. No entanto, não parou por aí e graduou-se em Direito pelo Centro Universitário de Rio Preto.

Célia tirou carteira de habilitação, mas não simplesmente de carro. A vida era prazerosa ao seu alegre olhar e habilitou-se para pilotar moto, carro e embarcação. Afinal, como conta a filha Joyce, "íamos à praia uma vez ao ano, mas já chegamos a ir três vezes — ela gostava muito!"

Joyce e Jessica eram as filhas amadas de Célia e Ari, que lhes deram os netos Luan, Benício e Gael, por quem a avó tinha uma paixão incondicional. A filha descreve os mimos aos netos como saudáveis e muito felizes. "Eles podiam tudo! Minha mãe amava uma bagunça e usava a imaginação, sentando-se no chão para inventar brincadeiras ou mostrar algumas antigas, que eles desconheciam".

Azul e dourado eram as cores preferidas dessa mulher, que se entregava aos bons momentos da vida, sempre com um sorriso belo e único, além de viver em total disponibilidade para sua tão estimada família. Não podia vê-los tristes, que isso a entristecia também. E com suas vitórias, ela se alegrava e vibrava junto.

Antes mesmo das redes sociais, Célia lembrava do aniversário de todos. E fazia questão de ir à casa dos amigos e familiares para presenteá-los com um bom abraço.

Dentre as coisas que mais gostava de fazer, estavam andar a cavalo ou de barco, ir a parques de diversões, clubes e praças, jogar vôlei ou queimada, dançar e cantar, tomar sol, deitar-se para ver o céu e usar a imaginação com as nuvens, ou simplesmente sair da rotina para tomar um suco ou café.

"Minha mãe vivia brigando com a balança e comia de tudo. Chegou a participar de duas corridas e era importante frisar que 'nunca foi a última a chegar'", relata Joyce.

A curiosidade, característica provavelmente ligada à paixão pela vida, levou Célia a fazer, esporadicamente, crochê, tricô e ponto-cruz. Segundo as palavras da filha, ela "fazia lasanha e nhoque de olhos fechados". Ainda assim, estava iniciando um curso de culinária.

Um hábito que ela não abandonava era o de guardar tudo, literalmente, pois dizia que podia precisar "um dia". Já outra prática, era sempre aconselhar as filhas com as frases: "Sempre tem alguém olhando" e "Nunca façam nada errado".

Em sua juventude, por ser dispendioso, não tinha muito acesso a fotos. Então, na vida madura, Célia passou a registrar, imprimir e gravar tudo o que conseguia e a sua sensível visão registrava. Joyce pega uma carona e hoje é a família que eterniza, na memória, sua bela presença em cada nascer e cada pôr do sol; em uma nuvem no céu; nas pedras e conchas do mar; e "em todos os detalhes que só minha mãe enxergava e tanto admirava. Ainda não parece que ela se foi"... É assim, com muita saudade e amor, que se despede sua filha.

Célia nasceu em São José do Rio Preto (SP) e faleceu em São José do Rio Preto (SP), aos 60 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Célia, Joyce Aline Necchi Souza Antonio. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Denise Pereira, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 31 de janeiro de 2023.