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Celso Sobral dos Santos

1955 - 2021

Com leveza, bom humor e resiliência sabia tornar minúsculos os grandes problemas.

Celso foi um homem que viveu para a família e que trabalhou muito para que a ela nada faltasse. Mais do que isso, desejava que os filhos desfrutassem de conforto e não tivessem nenhuma pressa em se casar ou sair de casa em busca de algo que ele não pudesse ofertar.

Viveu uma relação exemplar que durou quarenta anos com o grande amor da sua vida e que se tornou uma referência para quem os conhecia. Procurou ser sempre o melhor amigo, não só da esposa, mas também de cada um de seus três filhos e até do neto, do qual se tornou um grande parceiro.

Apesar de ser reservado, de não gostar muito de sair e nem de estar em festas, estar com ele em casa era sempre muito divertido para a família: ele era a festa! Sempre muito bem-humorado, vivia cantarolando e fazendo piadinhas a respeito de tudo, inclusive com os medos e preocupações que, às vezes, surgiam no horizonte.

A filha Bruna refere-se ao pai com muita admiração: “Ele era uma das pessoas mais incríveis que eu conheci! Sempre foi uma figura! Que eu me lembre, ele nunca me chamou pelo meu nome. Desde criança sempre me dava apelidos aleatórios e isso ia mudando ao longo do tempo. Era assim com todos nós. Sem falar nos objetos, que também tinham 'nome'...”

Sua sabedoria, resiliência e tranquilidade faziam dele o porto seguro de todos que o rodeavam. Para ele não havia grandes dificuldades e sempre que alguém o procurava com alguma preocupação, saía com o problema no bolso e a solução na mente.

Muito generoso, vivia ajudando familiares e amigos de todas as formas, inclusive financeiramente. Esse coração bondoso e essa forma de ser, sem maldade, levavam-no a ajudar até quem não merecia e, algumas vezes, acabava sendo passado para trás. No entanto, isso parecia não desanimá-lo, nem incomodá-lo, porque carregava a sensação do dever cumprido.

Para Bruna faltam palavras para descrever Celso como ele realmente era: “Parece que falar dele nunca é suficiente, porque sempre tem mais e mais para contar. Desde que ele se foi, nosso lar tem um espaço vazio, que nunca será preenchido. A enorme dor dessa saudade é o alto preço a pagar pelo privilégio de ter tido ele aqui”.

Celso nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 65 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Celso, Bruna Sobral. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 17 de setembro de 2021.