1946 - 2020
Amante da comida saborosa e da boa pescaria, carregava em si amor e sabedoria.
Muito querido e amado por todos que tiveram a oportunidade de conviver com ele.
Chigueo sempre foi um homem íntegro e honesto. Foi eleito quatro vezes vereador pela cidade de Taquaritinga (SP), e em todas elas foi também presidente da Câmara. Trabalhou com honestidade e amor, sempre pensando no bem da população que confiou a ele a missão de zelar pela querida Taquaritinga. Com o tempo, acabou se desiludindo com a política e seguiu na profissão de contador e advogado. Tinha um carinho especial pela primeira, mas ficava um pouco “louco” todo mês de março e abril, época de declarar o imposto de renda. Era nesse período que Chigueo executava com maestria a profissão que escolheu por amor.
Foi um homem sábio. Mesmo com os problemas que enfrentou ao longo da vida e com as dificuldades que passou, nunca se deixou abater. Sempre aprendia algo com as desventuras pelas quais passava. Apesar das tempestades da vida, sabia: os dias ensolarados sempre vem.
Depois de perder a primeira esposa, Chigueo teve a sorte de esbarrar no amor novamente. Eliane Zanin Kamada foi companheira do seu querido “Chiguinha”, como carinhosamente o chamava durante 31 anos. Ao longo dos anos, partilharam de momentos únicos e construíram um amor forte e sólido nas bases de muito respeito e carinho.
Desde o dia em que se conheceram até a internação de Chigueo, ele e Eliane nunca mais se desgrudaram. Faziam tudo juntos e dividiam todos os momentos, exceto na época das viagens anuais. Eliane liberava Chiguinha para a pescaria que ele tanto amava, e em troca, ela viajava com as amigas. Os dois se separavam por uns dias, mas o amor e admiração que sentiam um pelo outro os acompanhava sempre, fosse qual fosse o destino.
Estenderam seu afeto um pouco mais, através dos dois brotinhos de amor que colocaram no mundo. Tiveram duas lindas filhas, Fabrícia e Patrícia, que trilharam seus próprios caminhos — uma na medicina, outra seguindo os passos do pai na contabilidade — tendo como exemplo o legado de amor dos pais. As duas foram educadas com muito carinho, respeito e afeto, cheias de orgulho da família da qual tiveram sorte grande de ajudar a formar.
Adorava dividir os momentos com amigos e familiares. Estavam sempre viajando juntos, partilhando momentos e criando lembranças na companhia uns dos outros. Amava festas, gostava de pescar e não abria mão de tomar uma cervejinha ou um uísque com os amigos. Nos últimos anos, saía todas as noites. Às quartas, sextas à noite e sábado e domingo no período da tarde, jogava baralho com os amigos. Segunda, terça, quinta e sábado na parte da noite, o programa era entre casais. Era Chigueo quem ligava para os amigos, já intimando os colegas sobre local e horário dos encontros.
A comida era outra paixão de Chigueo. Quando marcava alguma viagem, ficava horas na internet procurando saber informações sobre os melhores restaurantes, as comidas mais gostosas do lugar. Às vezes, dias comuns se transformavam em eventos especiais. Eram os dias em que Chigueo resolvia preparar alguma receita que via na internet.
Devoto de Santa Paulina, rezava sempre pedindo por aqueles que necessitavam. Ajudava a quem podia, da forma como conseguia. Foi generoso e altruísta, fazendo o bem a todos que pôde ajudar de alguma forma, e pedindo sempre intercessão e proteção da querida Santa.
Sonhador, jogava na loteria toda semana. Vivia fazendo planos do que faria com o dinheiro caso ganhasse: "Vou comprar um rancho na Beira do Miranda e ficar lá, pescando, bebendo e comendo". Também sonhava em ser avô. O prêmio não veio em forma de dinheiro, mas num pedacinho de amor: foi vovô um mês antes de partir. Ganhar um neto era melhor do que ganhar dinheiro. Foi melhor que a loteria.
Chigueo foi um exemplo de ser humano. Foi querido por todos e cativou muitos corações ao longo da vida. Sonhou um pouco, realizou bastante. Sem ele, o mundo perde um pedacinho de integridade e sabedoria. A pequena Taquaritinga perdeu uma parte importante da sua história, e o luto de três dias da cidade parece se estender um pouco mais. A família do querido Chiguinha sente saudade todos os dias, mas ele vive nas mais de 50 orquídeas que foram dadas de presente a família em homenagem a ele. Vive numa boa pescaria, numa “loucura” de março e abril. Lá de cima, segue cuidando e intercedendo por todos eles junto de quem pode: Santa Paulina ganhou um ajudante de olhinhos puxados e coração gigante.
Chigueo nasceu em Taquaritinga (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 73 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela esposa de Chigueo, Eliane Zanin Kamada. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Bárbara Aparecida Alves Queiroz , revisado por Gabriela Carneiro e moderado por Rayane Urani em 6 de março de 2021.