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Cílas Irene Feitoza de Araújo

1964 - 2021

Demonstrava seu amor pelas pessoas buscando aconselhá-las com sua experiência de vida.

Conhecido por suas histórias de infância e por suas piadas, ele era capaz de passar horas ao telefone dando gargalhadas. Onde quer que estivesse, não deixava ninguém triste: fazia todos sorrirem à sua volta.

Primogênito entre dez irmãos, orgulhava-se muito de seus pais. Embora tivesse perdido o pai aos 19 anos, nunca esqueceu das experiências que teve com ele e da proteção que ele representava.

A mãe, Adalgisa, era seu maior tesouro e por ela nutria grande admiração. Como Pastor, onde quer que fosse levando a Palavra, citava a mãe como exemplo de coragem e sabedoria, pois conseguira criar os filhos praticamente sozinha.

Cílas era um irmão protetor, que amava reunir a família para relembrar a infância. Um pai presente, que da melhor maneira possível tentava aconselhar os seus e prepará-los para enfrentar as adversidades da vida. Um avô que se tornava criança ao lado do neto Thomás, só para vê-lo sorrir.

Como esposo foi um companheiro, amigo, conselheiro e professor. "Ele me ensinou muito. Dentre esses ensinamentos está o de enfrentar os obstáculos de um casamento e da vida. Não conseguia me ver triste, sempre criava uma situação para me fazer sorrir. Era um pouco esposo, um pouco pai, que me aconchegava em seus braços nos momentos difíceis”.

Cílas amava falar das maravilhas de Deus e contava que ainda criança já contemplava a natureza dizendo para si mesmo que deveria existir um ser Poderoso; que sem Ele haveria um vazio em seu coração; e que, aos 17 anos, teve um encontro com Deus.

Muito falante, nada o intimidava: falava o que pensava. Possuía uma alma livre e não conseguia guardar ressentimentos. Tinha prazer em conversar com idosos e mantinha sempre contato com três de suas tias: Nena, Dina e Neuza.

Em 2020, logo no início a família foi assolada pela pandemia. Primeiro adoeceu o filho Davi que, com a fé recebida de Deus, superou a doença juntamente com o pai e a mãe. Em seguida, a família dele se contaminou e um cunhado acabou falecendo. Algum tempo depois, ao cuidar da família da esposa, Cílas foi contaminado pelo vírus. Embora tenha lutado muito pela vida e tenha recebido toda ajuda possível de amigos, conhecidos, igrejas e profissionais da saúde, Cílas não resistiu.

“Aquele sorriso fácil, aquela gargalhada, o contador de histórias, meu amigo, meu amante foi embora deixando muita saudade”, diz Maria Auxiliadora. E se despede, dizendo: “Te amarei para sempre meu amor! Tenho a certeza de que se você voltasse e fosse necessário, você faria tudo de novo, pois amava ajudar as pessoas”.

Cílas nasceu em Maraã (AM) e faleceu em Manaus (AM), aos 57 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa de Cílas, Maria Auxiliadora Ferreira de Araújo. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso e Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 8 de outubro de 2023.