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Cincinato Belarmino Santos

1954 - 2020

Pernambucano de vocabulário próprio, estava sempre disposto a ajuda quem precisava de sua alegria.

Não importava se era dia útil ou fim de semana: quando o relógio marcasse 5h30 da manhã, Cincinato se levantava e começava sua rotina. Fazia exercícios em casa e depois ia trabalhar como pedreiro na construção da própria morada. Os hábitos simples faziam parte do seu dia-a-dia.

Nordestino com sotaque carregado de pernambucano raiz, tinha um vocabulário próprio e inconfundível. Engraçado como era, chamava todos de “Nato”. Os conhecidos o saudavam com palavras típicas do "Dicionário Cincinato", como "xibungo" ou "baitola". Bastava conversar com ele uma única vez para virar colega. Levava aos risos quem ouvia seus causos. Seu bigode, marca especial de sua fisionomia, dava um ar a mais a suas brincadeiras. “Uma vez perguntaram: 'Nato, cadê minha tia?'. Ele respondeu: 'Foi lá no Recife, tirar a banha!'. Todo mundo morria de rir com a forma com que ele falava”, lembra a sobrinha Silvania.

Com a esposa Dalva teve uma filha, Darlene. Dela, ganhou um neto de dois anos chamado Davi. Uma coincidência seu nome começar com "c" e o de seus entes queridos com "d". Seguem a ordem alfabética do "Dicionário Cincinato".

Estava sempre disponível para ajudar quem precisasse, não importava a ocasião. Alegria e vitalidade são sinônimos deste nordestino "pra lá de arretado" e contador de histórias nato. Todos paravam para ouvir seus contos, tantos adultos quanto crianças, principalmente se o tema do dia fosse assombração.

Gaiato nas conversas, era também uma figura nas festas. Era a sensação das pistas de dança e não deixava ninguém ficar parado, animando as reuniões com seu bom humor.

Cincinato foi um construtor de histórias, palavras e alegria e, de sobra, também construía casas. Deixa para os próximos o sonho e o trabalho de terminar a construção da sua própria.

Cincinato nasceu Em Tabira (PE) e faleceu No Rio de Janeiro (RJ), aos 65 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela sobrinha de Cincinato, Silvania Furtado. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mateus Teixeira, revisado por Daniel Schulze e moderado por Rayane Urani em 9 de agosto de 2020.