Claricio Sica

1967 - 2021

Com o “cajón” nos churrascos e sua positividade e sorriso marcantes, Cla levava alegria à família e amigos.

Segundo de seis filhos de um pai italiano e de uma mãe mineira, Cla, como era conhecido, perdeu um irmão, que faleceu ainda criança. Todos muito unidos desde sempre, tinham o contorno de uma típica família italiana.

Claricio "teve um filho lindo", conta orgulhosa a tia Marieta: "Bernardo hoje tem dezoito anos".

Sempre alegre, brincalhão e falante, desde criança Cla gostava era de gente. Adorava estar com os amigos, fazer um churrasco, com uma boa roda de música. Mas, acima de tudo, amava ter toda sua família por perto. "Tudo era motivo para comemorar e festejar, e meu amado irmão só queria mesmo estar no meio de todos. Qualquer reunião ficava perfeita com sua presença, pois ele era a animação da família".

Claricin, Coelho, Espoleta e Pinga Fogo eram outros apelidos carinhosos atribuídos a Claricio por seus avós e tios. Um homem bom, honesto e humilde, que sabia demonstrar seu amor, e da mesma forma era amado por todos! Raro algo deixá-lo bravo, com raiva ou triste. Afinal, sua marca registrada era nada menos que o bom humor. Marieta diz que, mesmo nas vezes em que estava passando por momentos difíceis, ele não demonstrava. Tentava sempre ser positivo.

Agitado, brincalhão e apreciador das brincadeiras de rua desde pequeno, acostumou-se a viver rodeado de amigos. Na época de adolescência então a turma tornou-se maior e a irmã, 7 anos mais nova, aproveitou muito com ele. "Cla me levava para passear aos finais de semana; era responsável por churrascos em nossa casa, que começavam no almoço de sábado e só terminavam no domingo à noite. A galera — amigos de meu irmão — dormia toda em nossa casa. Era uma gostosa bagunça, que contava com a presença dos meus pais, felizes por estarem junto aos jovens", relembra Marieta.

A pandemia começou e, com ela, os encontros diminuíram. A partir de junho de 2020, a família voltou a comemorar os aniversários. O almoço de Natal em família foi a última reunião com todos e também a despedida dos dois irmãos mais próximos, Marieta e Claricio. "Infelizmente alguém estava infectado, sem saber, e todos nos contaminamos. Meu irmão estava mega animado organizando uma festa de "Réveillon" em sua casa. Com o teste positivo no dia 31/12, Cla, sempre brincalhão, nos disse em uma chamada de vídeo: 'Essa porcaria desse vírus foi nos pegar bem na festa que mais planejei o ano todo. Mas, meus queridos, nos vemos ano que vem'. Com tosse forte e ar já rareando, não faltou o famoso sorriso, ao desejar 'feliz 2021' à família".

Marieta guarda na memória inúmeras histórias boas com seu irmão. A ligação de ambos era tão forte, a ponto de Cla ouvir com atenção os pressentimentos da irmã. Alguns acidentes sofridos no decorrer de sua vida foram antecipados por Marieta, que não deixava de alertá-lo. "Meu 'irmão gato', costumávamos dizer — e ele concordava que tinha sete vidas —, escapou de alguns desses acidentes; já com a Covid-19 não teve o mesmo destino. Não perdi somente meu irmão: em dois dias ele e meu pai se foram, deixando enorme saudade".

Tantas lembranças emocionam Marieta, mas ela faz questão de enfatizar o prazer do querido irmão com rodas de músicas. Sua paixão o levava a sempre preencher com som as reuniões com amigos e familiares, onde aproveitava para tocar o adorado instrumento de percussão, o "cajón". Já cantar, não era seu forte. A irmã ainda sente seu coração dilacerado, mas entende que o só o tempo trará conforto, e a consola o sentimento presente: "Irmão amado, sei que você e nosso pai estão juntos no Céu ajudando, cantando e alegrando os nossos que já se foram e todos os demais espíritos. Te amo eternamente"!