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Cláudio da Silva Monteiro

1945 - 2020

Médico cuidadoso e competente que amou e foi amado pela família. Dizia que havia ganho na loteria da vida.

Homenagem da filha Darilena:

Desde muito cedo, Cláudio experienciou as relações de perdas e ganhos da vida. “Filho de Silvio da Silva Monteiro e Daria da Silvia Monteiro, perdeu a mãe aos quatro meses e foi criado pela tia-mãe, Maria Idulena Monteiro Platilha, que muito o amou e tanto foi amada por ele”, relata a filha mais velha Darilena.

Assim, Cláudio aprendeu que o amor é uma via de mão dupla, valor que viveu intensamente em família. Em 1972, casou-se com Joana Darc e, em 1973, tornou-se pai das gêmeas Darilena e Lucilena, mesmo ano em que se formou em Medicina. Em pouco tempo, o amor novamente produziu mais frutos, em 1975 e 1982, respectivamente, nasceram Claudilena e Milena, “suas filhas muito amadas, as quais sempre se empenhou e serviu de exemplo de dedicação aos estudos, à responsabilidade e à correção”.

Além de marido e pai dedicado, Cláudio era um médico cuidadoso e competente. Ao longo da sua carreira profissional, atuou em diferentes áreas e construiu vários vínculos duradouros. No Hospital e Pronto Socorro Municipal Mário Pinotti (HPSM 14 de março) em Belém, dedicou-se por trinta e cinco anos às demandas de urgência e emergência. No Posto de Saúde da Cremação, sua dedicação voltava-se aos “pacientes em geral e, em especial, aos tuberculosos e hansenianos, que tanto precisavam persistir no tratamento”. Mas foi em Marapanim e no distrito de Marudá, que o Dr. Cláudio “acabou criando seu segundo lar por quarenta e seis anos, onde fez seu trabalho e deixou inúmeros amigos”.

A vida corrida de médico não o privou da convivência com a família, pelo contrário. Darilena conta que Cláudio “era um avô amoroso e carinho com Danilo, Diogo, Júlia, Laura, Fernando e Suzana, os quais sempre ouviam as estórias, piadas e tinham nele um avô presente, sereno e tranquilo”. A filha ainda recorda como o pai brincava com os quatro genros – Rogilson, João, Constantino e Fabio –, que considerava os filhos que não teve, mas não admitia, quando dizia: “que não era camarão pra ter filho barbado”.

Entre as coisas que ele “gostava mais que tudo, era reunir a família, tios, primos, irmãs, sobrinhos e sobrinhas. Ele reunia os seus amigos e os amigos das filhas como se os conhecesse desde sempre. Tinha muito orgulho da família, esposa, filhas, netos e netas. Dizia que havia ganho na loteria da vida e que era a pessoa mais rica de amor que havia no mundo.”

Como médico e detentor de uma riqueza preciosa, o amor, o Dr. Cláudio cuidava com muito esmero da vida. Diz a filha que, logo no início da pandemia de Covid-19, ele afastou-se do trabalho para evitar a contaminação. No entanto, após oito meses, em um dia santo, Cláudio partiu, “mas não deixou tristeza, só deixou amor!”

Marido, pai, médico, avô e sogro: múltiplos papéis que se uniam no “senhor tranquilo, alegre, firme, correto, honesto, dedicado e, sobretudo, empático aos problemas, doenças e sempre pronto a ajudar e melhorar a vida de todos. Sempre firme e sereno, não se aborrecia, e estava pronto para acalmar e conversar com todos”, resume a filha Darilena que encerra reafirmando como o amor, por ser maior, venceu a doença, pois continuará eternamente vivo: “Pai, o seu amor estará sempre presente em nós, nas rugas do seu cenho franzido, que quem não o conhecia achava que o senhor era bravo! O senhor vive nosso amor por ti!”

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Homenagem da filha Claudilena:

"Doutor Cláudio para muitos, para mim, papai.

Pai amoroso, carinhoso e brincalhão. Ninguém ficava sério ao seu lado. Médico por mais de 45 anos, um verdadeiro sacerdócio.

Deixou esposa, quatro filhas, seis netos, quatro genros e uma legião de amigos e familiares.

Peço a Deus que ele esteja lá de cima a olhar por todos nós, com o mesmo sorriso de sempre, cheiroso e fala mansa. Minha conexão com ele foi, é e sempre será eterna.

Pai... espero novamente o dia de tocar tua mão e sentir teu calor, como eu te falei antes de você adormecer. Fica com Deus meu pai amado, seguiremos daqui, pelos caminhos que o senhor nos mostrou. Te amo além do amor... muito... muito... muito!

Tua filha, Claudilena.

Cláudio nasceu em Belém (PA) e faleceu em Belém (PA), aos 75 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelas filhas de Cláudio, Darilena Monteiro Porfirio e Claudilena Rebelo Monteiro Papaspiropoulos. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Rosimeire Seixas, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 3 de março de 2021.