1962 - 2021
Suas cinzas agora repousam junto às raízes da sua fruta preferida, a laranja.
“Sabe quando você olha para o sol e vê aquela luz bem forte e um quentinho bem gostoso? Era a sensação que o meu pai passava ao chegar em um lugar. Ele aquecia o coração de todos ao seu redor e tinha uma luz incomparável.”
Quem faz a pergunta e traz o sentimento é a filha de Claudio Roberto, Ingrid. Ela conta que o pai nasceu no Paraná, onde, desde pequeno, começou a trabalhar na roça. Sem os pais e buscando uma vida melhor, decidiu transferir-se para São Paulo, onde trabalhou a vida inteira.
Na escola conheceu a moça que seria sua companheira vida afora. Em trinta e dois anos de casamento, o casal teve três filhos e construiu uma “história linda pra contar”, diz Ingrid.
A filha testemunha: “Piadista, animado, ele era reconhecido pela sua risada alta e gostosa. Seu sotaque do interior era lindo e fazia nosso coração ficar aquecido de tê-lo por perto. Sempre tão presente, sempre tão paizão. Meu pai é o meu orgulho, o motivo de eu me sentir forte e guerreira... ele sempre me disse que eu era capaz de tudo, e eu realmente sou”.
Ingrid conta que o pai amava laranjas e que as cinzas dele foram depositadas junto a uma laranjeira, no quintal da casa da família. Ela atualiza o pai: “Este pé de laranja está cada dia mais lindo. Toda vez que sinto sua falta aparece uma borboleta voando. Coincidência ou não, te agradeço por estar sempre presente no meu coração. Eu te amo muito!”.
Claudio nasceu em Sertanópolis (PR) e faleceu em São Paulo (SP), aos 59 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Claudio, Ingrid Martins. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Patrícia Coelho, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 23 de dezembro de 2022.