1954 - 2020
Gostava de desenhar, fazer colagens com papéis de revista picados e reformar quadros que ficavam sempre lindos.
Claudionor não era uma pessoa de muita paciência, mas por mais contraditório que isso possa parecer, destacava-se por sua alegria e capacidade de fazer piadas diante das situações difíceis, na tentativa de aliviar as tensões quando o clima estava pesado.
Dentre suas tantas piadas, a maior delas era em relação às próprias condições de saúde. Sempre que havia oportunidade, relatava com orgulho que conseguiu sobreviver (quase sem sequelas) a três AVCs, a um infarto e a cinco pontes de safena. Com todo esse histórico, continuou andando e falando bem e manteve uma memória de fazer inveja a muitas pessoas saudáveis.
Profissionalmente, antes de se aposentar por um acidente de trabalho, Claudionor era mecânico industrial.
Foi casado com Ana de Bastos Oliveira Santos e com ela viveu uma bonita história de amor que merece ser contada.
Os dois trabalhavam na mesma empresa, mas em turnos diferentes e ela, na época, era viúva e estava com dois filhos pequenos. Quando ele descobriu que, para trabalhar, ela precisava deixar as crianças em casa, supervisionadas por vizinhos, passou a levar-lhes doces com frequência, um pouco para agradá-los e outro tanto para conquistar o coração de Ana.
Certa vez, ao fazer uma visita às crianças, percebeu que um dos meninos estava doente. Sem pestanejar, levou o garoto a um hospital e tratou logo de avisá-la no trabalho. Graças à sua generosidade e agilidade, a criança que havia ingerido indevidamente um medicamento, recebeu com brevidade os procedimentos necessários e foi salva.
Com isso, Ana resolveu dar uma chance e ele, que demonstrava aceitar de coração os dois filhos dela e, assim, a conquistou definitivamente. Muito generoso, quando ela engravidou de um filho seu, cada peça que comprava para o enxoval do bebê vinha acompanhada de um presentinho para os meninos, na intenção de evitar que sentissem ciúmes.
Nunca fez distinção entre os filhos que eram só dela e a filhinha que tiveram juntos e, por todos estes cuidados e atenção, logo passou a ser chamado de pai também. Foi um pai no verdadeiro sentido da palavra, tratando-os como verdadeiros filhos desde que os conheceu.
Ele não gostava muito de sair de casa. Preferia estar com a família e sempre fazendo suas piadas. Ocupava seu tempo vendo filmes de ação na TV e utilizava seus dons artísticos para desenhar, fazer colagens com papéis de revista picados e reformar quadros. Tudo o que ele fazia era sempre um espetáculo para a família.
Claudionor deixou saudades pelo amor incondicional que soube praticar.
Claudionor nasceu em Iporá (GO) e faleceu em Anápolis (GO), aos 65 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Claudionor, Hevelin Oliveira Santos. Este tributo foi apurado por Larissa Paludo, editado por Vera Dias, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 17 de janeiro de 2021.