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Claudionor Pereira de Oliveira

1948 - 2021

A aridez da seca enfrentada na infância, regou os sonhos de fartura que ele cultivou até o último instante.

Com a família, ainda menino, refugiou-se em Goiânia, escapando do flagelo que o sertão baiano impunha a todos. No início da vida adulta foi para São Paulo, buscar o sonho de uma vida melhor. Entre altos e baixos, seu caminho foi louvável.

Realizou o sonho antigo de se formar em Direito, aos 63 anos. Movido por paixões, era firme nas posições que defendia embora, como bom libriano, mudasse de tempos em tempos. Era dono de um humor marcante, que dava contorno a um homem de coração grande, que se preocupava com todos.

Claudionor tinha uma energia surpreendente! Sua voz forte e potente, podia ser ouvida nas declamações bissextas de Castro Alves do qual era fã, nas barulhentas partidas de truco ou quando se arriscava vez ou outra a cantar seus modãos antigos.

Não dava sinais de ansiar por descanso, pois, mesmo podendo se aposentar, ainda trabalhava e sempre matutava algum plano pela frente e o último revelado após ter ido a Bonito (MS), era ir até o Jalapão (TO).

O filho Dalton se encontrou com o pai a última vez na formatura em Direito de Naiara, sua irmã caçula, ocasião em que ele estava muito feliz. Aliás, Claudionor nutria muito orgulho pelo caminho do filho e das três filhas.

Inspirado no texto bíblico que diz: “Em tudo dai graças porque esta é a vontade de Deus”, Dalton homenageia o pai:

“Agradeço pelo tempo de desenlace espiritual de meu pai, nem tão breve que não pudéssemos ter chance de nos atentarmos por sua partida, nem tão longo que prolongasse seu sofrimento e dos que aqui ficam.

Agradeço por ter sido Claudionor, filho de Manoel e Alice, meu pai nesta vida, possibilitando a todos as experiências necessárias para que eu possa vivenciar e honrar minha ancestralidade paterna.

Agradeço a meu pai por possibilitar que fosse eu o irmão mais velho de Vivian, Viviane e Naiara, irmãs a quem amo tanto.

Agradeço aos tantos de amigos, amigas e familiares, pois se as pernas fraquejam em caminhar, a lanterna que ilumina o caminho está na mão de quem está ao seu lado, que com o outro braço te ampara e te ajuda a caminhar. Obrigado pelas palavras e gestos de carinho.

A festa hoje é no céu. Que Deus o receba com alegria, meu pai, que você retorne aos braços do criador digno da existência que passou aqui nesta terra”.

Claudionor nasceu em Irecê (BA) e faleceu em Goiânia (GO), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo filho de Claudionor, Dalton Jesus de Oliveira. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 17 de janeiro de 2023.