1940 - 2020
Se ele estava lá, não havia nada a temer.
Cleonildo era "o cara" a bordo da sua embarcação. Executar manobras, avaliar condições do tempo, enfrentar tempestades e se abrigar para consertar pequenas panes mecânicas: fazia tudo com maestria.
Quis ensinar tudo à sua filha, Cleomara, mas, por ser menina, a poupava de algumas viagens a bordo. "Eu achava o máximo, fascinante. Desafiar a natureza e conhecer o desconhecido eram aventuras sem igual! Eu não sentia um pingo de medo, porque sabia que papai estava ali. Ele era o homem que transbordava confiança e me fazia acreditar que eu poderia ter coragem também", conta a filha.
Em casa era um homem simples, humilde e que não mexia com ninguém. Em seu peito batia um coração puro e amigo. A fala baixa e o sorriso desdentado eram atrativos que lhe eram muito particulares, marcas de um homem honesto e pra lá de batalhador. Tudo o que conquistou foi a custa de muito suor, sempre com suas coisinhas organizadas, a "bitoca" arrumadinha. Adorava um mingau e um leitinho quente com farinha de tapioca.
Tinha dois netos, que ele amava e dos quais tinha maior orgulho: fazia questão de mostrar suas fotos pra quem ele pudesse.
Cleonildo nasceu Santarém (PA) e faleceu Belém (PA), aos 79 anos, vítima do novo coronavírus.
História revisada por Alana Rizzo, a partir do testemunho enviado por filha Cleomara Mota, em 21 de maio de 2020.