1954 - 2020
Colecionava miniaturas de caminhonete.
Lacerda, como ele era conhecido pela maioria das pessoas, foi um homem muito amoroso, ético e gentil, que conquistava facilmente a admiração e o respeito de todos a sua volta.
Preocupava-se muito em não prejudicar as pessoas. Sempre dizia que não importava o que pudesse acontecer com ele, o mais importante era não causar prejuízos a ninguém. Por isso, tinha muito cuidado ao tomar decisões e se cobrava bastante para fazer tudo com perfeição.
Religioso, acreditava em um mundo melhor e no poder na oração. Amava estar na Igreja, proclamar a palavra de Deus nas missas e, como bom devoto de Nossa Senhora de Fátima, rezava todos os dias.
Junto de Angélica, sua esposa, assumiu a coordenação da Pastoral da Família na comunidade católica e pela participação em diversos projetos ajudou muitas pessoas. Nunca dizia não para as tarefas de Deus e sabia que sua força vinha Dele; por isso em sua fala, quando o assunto era a Igreja, nunca dizia “eu”, mas sim, “nós”. “Um dia perguntei para ele por que sempre dizia ‘nós’ e ele respondeu: ‘Eu e Deus, sozinho eu não faço nada’”, conta a esposa.
Com Angélica, a sua “baixinha”, foram trinta anos partilhando a vida, entre o namoro e o casamento. A relação baseada no amor e no companheirismo foi abençoada com a chegada de Thiago, amado incondicionalmente pelo pai, que carinhosamente o chamava de “fioco" ou filhote do papai.
Preocupado com a família, foi marido e pai presente, amoroso, que sempre lutou para que nada de ruim acontecesse. E mesmo quando a esposa e Lacerda divergiam, lá estava ele pronto para ouvir e dialogar, trazendo um equilíbrio perfeito para a relação. “Se ele tinha defeitos de fabricação, suas qualidades superavam, em muito, esses defeitinhos”, conta a esposa.
Sempre disposto a estar ao lado de Thiago, organizava a sua agenda profissional para que nada interferisse no seu convívio com o filho. Foi um porto seguro e um grande amigo. Quando percebia a esposa estressada, chamava o filho e dizia: "'Fioco' do papai, vamos dar uma volta”.
Tinha uma afeição especial pelos familiares, demonstrada no jeito de chamá-los: Priscilinha, Donatinha, Erikinha, Tata. Também demonstrava seu afeto nas brincadeiras com as sobrinhas, quando dizia: “Thainá Guaraná” e “Mayte arrume sua malinha”.
Colecionava miniaturas de modelos antigos de caminhonete e tinha o grande o desejo de estar presente e participar do crescimento e da evolução do Thiago. Viveu com a sabedoria de ser grato a tudo e a todos, mesmo nos momentos mais difíceis.
E ele, que sempre sonhou em envelhecer ao lado de Angélica, segue ao seu lado, em alma e coração, de mãos dadas e ouvidos abertos, como sempre foi.
Clovis nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 66 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela esposa de Clovis, Maria Angélica Santana Lacerda e Silva (esposa) e Núbia (cunhada). Este tributo foi apurado por Daniel Ventura Damaceno, editado por Fernanda Queiroz Rivelli, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 3 de dezembro de 2021.