1948 - 2020
“Aponte com a ponta do dedo onde é que o Pita pinta...”
Sentada diante da telinha da televisão, sem piscar, quase sem respirar, a criançada acompanhava a caneta colorida fazer aparecer na lousa mágica os personagens da “Turma do Lambe Lambe” – será que é o professor Pirajá? Ou a vaquinha Gilda? “Aponte com a ponta do dedo onde é que o Pita pinta...”. E eis que lá vinha a imagem daquele garotinho chamado Pita, que carregava com ele tantos sonhos... que eram também os sonhos infantis daquelas muitas gerações que, entre o final dos anos 1970 e o início dos 80, quando não havia celulares nem redes sociais, se deixavam embalar pelas divertidas brincadeiras sugeridas por Daniel Azulay.
Nascido no Rio de Janeiro em 30 de maio de 1947, formou-se em Direito e, ainda jovem, aos 21 anos, decidiu abraçar a carreira de cartunista (e também de educador e artista plástico). Ao longo dessa jornada, tornou-se referência para tantos outros profissionais da área. Foi também um amigo-professor cheio de afetos, sempre a respeitar a inteligência das crianças, a conversar com elas sem arrogâncias, num tempo em que por aqui ainda sopravam os ventos da ditadura. Daniel lutava havia cinco meses contra uma leucemia bastante agressiva. Em março de 2020, precisou ser internado, para receber transfusões de sangue. Três dias antes de morrer, recebeu a notícia de que tinha sido infectado pelo novo coronavírus. Já debilitado, não resistiu. Faleceu no dia 27 de março, na Clínica São Vicente, também no Rio de Janeiro. “É como se um pedaço da minha infância tivesse despertado chorando”, escreveu Pablo Villaça, crítico de cinema, em suas redes sociais. “Corre, corre, curriola, vem chegando algodão doce..”.
Daniel nasceu Rio de Janeiro (RJ) e faleceu Rio de Janeiro (RJ), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.
Jornalista desta história Chico Bicudo, em 8 de julho de 2021.