1945 - 2021
Nininho era um amante da natureza. Sempre ativo e presente, plantava flores e ajudava os vizinhos.
Davi era casado com Anita desde 1967 e juntos tiveram Fabio, Davi Júnior e Gisely. Em 1984, junto com a família deixou a pequena cidade catarinense de Videira e partiu para a capital paranaense em busca de melhores condições de vida e estudo para os filhos. Foi com muito orgulho que Davi viu todos os filhos graduados. Ele próprio dizia-se formado pela FAFUPI ─ Faculdade de Funilaria e Pintura, em tom de brincadeira.
Amava a natureza. Gostava de plantar e, no cultivo diário e cuidadoso de Nininho, como era carinhosamente chamado por todos, as flores eram as preferidas. Ele embelezou cada jardim, de cada casa em que morou. Toda a vizinhança admirava seu quintal sempre tão vicejante e colorido.
Davi era um aposentado bastante ativo e prestativo, fazia pequenos reparos para a vizinhança sem cobrar nada. Às vezes chegava em casa com "presentes" como pagamento pelo serviço prestado, como compotas de doces. Nessas ocasiões, Dona Anita ficava com ciúmes e dizia: "Essas vizinhas assanhadas... Não sabem que o Davi é meu?" e ainda arrematava com um: "Esses olhos azuis são pra mim!"
Aos domingos não podia faltar carne assada e refrigerante para reunir os filhos, noras, genro e netos para o almoço. Quando a mesa estava posta com todas as delícias, era bonito de ver o sorriso que ele abria, parecia estar pleno, com a sensação de dever cumprido e de real felicidade. A filha Gisely conta: "Ele amava comprar frutas no sacolão, trazia para nós como presente, achava lindo os cachos de uvas, as maçãs vermelhas e os pêssegos. Adorava os netos e costumava dizer para a neta Gabrielle: 'Você é linda como sua avó Anita, que já passou dos 70 anos', e todos à volta sorriam com o comentário."
Davi era um comerciante nato, gostava de ir ao antigo mercadão de automóveis para comprar e revender carros. Até depois de aposentado frequentava a "pedra", que era um local onde comerciantes de carros se reuniam para negociar e bater papo. "Lembro-me que ele me trazia maçã do amor quando voltava do mercadão, e eu amava tanto... Quando chegou a Curitiba em busca de melhores condições, ele viajava a Santos, no litoral paulista, para comprar carros usados e trazia para reformar e revender. Foi uma vida de trabalho pesado, difícil, sofria com a inflação e diversos planos de governo, mas mesmo assim, tentava fazer parecer menos difícil. Quando voltava de Santos ele sempre trazia na mala uns mimos para nós. Como amava frutas, sempre nos trazia alguma que ainda não conhecíamos, como Jaca, o fruto do cacau, coco verde... e pra nós, quando ainda crianças, trazia chocolates, que chegavam derretidos da viagem, mas pareciam a melhor coisa do mundo", relembra Gisely.
A família sente agora um imenso vazio com a partida de Nininho, mas cada fruta e cada nova flor que vislumbram os faz relembrar com carinho o marido espetacular e o pai amado e sempre presente que partiu após uma longa vida de muita atividade.
Davi nasceu em Videira (SC) e faleceu em Curitiba (PR), aos 75 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha caçula de Davi, Gisely Bellozupko Adur. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Emerson Luiz Xavier e moderado por Rayane Urani em 13 de julho de 2021.