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Denilza dos Santos

1968 - 2020

Tinha uma sabedoria que trazia aconchego, estava sempre vestida com o mais belo dos enfeites: seu sorriso.

Denilza foi uma mulher que andava pelas ruas do Rio de Janeiro com um belo sorriso sempre estampado em seu rosto. Na comunidade em que morava, conhecia quase todo mundo, já que tinha crescido ali e, além disso, gostava de conhecer gente nova. Então, com seu jeito alegre e extrovertido, parava para conversar com as pessoas na rua e não tinha pressa nenhuma para isso. Onde quer que fosse, cumprimentava alguém, e se tinha alguém a acompanhando, tinha que esperar seu papo e sua calma.

Na família, sua principal referência era sua mãe. Tinha também dois irmãos, Denise e Denilson, com quem construiu uma relação de união, parceira e cuidado desde muito cedo. Ainda bem jovem, com 15 anos, Denilza teve sua primeira filha e depois veio seu segundo filho. Aos 25, se casou com seu esposo e viveram juntos vinte e seis anos de uma relação muito feliz. Eles se davam muito bem.

Em sua casa, no entanto, as portas não eram fechadas apenas para quem era da família. Pelo contrário, Denilza tinha um coração muito bonito, e da mesma forma que nele sempre tinha espaço para mais gente, sob seu teto também. Por um tempo, quando algum conhecido não tinha onde ficar, ela o acolhia em sua casa até que ele conseguisse se restabelecer. Ela sempre fazia questão de ajudar da forma que podia.

Denilza tinha a felicidade de trabalhar com algo que gostava muito: cozinhar. Era autônoma e muito habilidosa ao fazer bolos e salgados deliciosos. Ela amava estar na cozinha. Fazer bolo para fora então era sua paixão, fazia com o maior amor. Nos tempinhos de descanso, gostava de ir à praia, passear com a família e ir à igreja.

Era muito religiosa e sábia, por isso, sempre tinha uma palavra amiga para quem a procurasse. Quando alguém estava passando por um momento difícil, dizia: “Deus está no controle de tudo... Vamos orar e acalmar nossos corações, já deu tudo certo”, e tranquilizava qualquer preocupação.

Ela foi uma pessoa com o coração enorme, era realmente uma pessoa iluminada e muito leal às suas amizades. Independente da correria do dia a dia, encontrava um tempo para ligar para as amigas, para a família, e saber se ia tudo bem. E seu maior legado é este, entregar-se à vida e às pessoas que se ama.

Denilza nasceu no Rio de janeiro (RJ) e faleceu no Rio de janeiro (RJ), aos 52 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Denilza, Danubia Santos Dias Barcelos. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Gabriela Pacheco Lemos dos Santos, revisado por Renata Nascimento Montanari e moderado por Rayane Urani em 11 de julho de 2021.