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Denise Calisto

1974 - 2020

Distribuiu amor ao mundo, sem economizar; teimou em viver, ser feliz e trazer alegria àqueles que amou.

Denise era a filha única de Dona Maria e Sr. Firmino. Era a esposa super amorosa do Mauro e a mãe dedicada do Breno. Uma linda mulher que amava rosas. Vaidosa, tinha o cabelo sempre feito e as unhas impecáveis. Na vida, abraçou a profissão de enfermeira por mais de vinte anos, trabalhando no Guilherme Álvaro, em Santos (SP); mas, nos últimos anos não estava exercendo a enfermagem, por conta de algumas questões importantes de saúde.

Denise foi diagnosticada com problemas nos rins e chegou a fazer um transplante. Nunca perdeu a esperança de cura. Tendo sempre a família ao seu lado, enfrentou com bravura todas as internações e momentos difíceis. Já transplantada, e quando tudo parecia correr bem, teve um câncer e voltou às sessões de hemodiálise que a acompanharam até seus últimos momentos de vida. Quem lê essa história de dificuldades e superação, não imagina o ser humano extraordinariamente alegre que Denise foi. Apesar de tudo, estava sempre muito animada, distribuindo amor indistintamente.

Não era só seu coração que abrigava a família, os vizinhos e os amigos. Denise tinha uma casa bem confortável, com uma gostosa piscina, que era o ponto de encontro de todos. Churrascos animados aconteciam ali nos fins de semana, com pagode e cervejinha gelada, como ela gostava. Esses eventos eram motivo de grande alegria!

Com muito bom humor, recebia os convidados e dizia: “Bora tomar uma?!" Aí ficava fácil já se enturmar e entrar na brincadeira. A "amiga-irmã" Deborah, estava sempre presente; uma chamava a outra de “irmãzinha”. No final de um desses churrascos Denise - rindo muito -, pediu para Deborah ver o nome que estava escrito em seu copo; nesse momento a amiga descobriu que passara o dia bebendo no copo de Denise; deram boas gargalhadas, achando graça dessa desatenção. A proximidade era tamanha que há uns dez anos o dia primeiro de cada ano elas comemoravam sempre juntas na casa de Denise.

Era aquela pessoa que qualquer um gostaria de ter como melhor amiga; muito atenta e presente, não se cansava de dizer que estava com saudades e que amava os seus. Em meio à pandemia, quando todos estavam isolados, fez uma grande surpresa à "irmãzinha" Deborah, no dia de seu aniversário, em 8 de junho de 2020. Pensando que comemoraria apenas com os filhos e o marido, eis que Denise apareceu e foi logo dizendo: “Eu vim sim! E viria de qualquer jeito, porque eu te amo e não deixaria de jeito nenhum de te dar feliz aniversário”. A amiga lembra com emoção que essa foi a última vez que a viu com vida.

Foi uma mulher batalhadora e forte; mas, verdade seja dita, não lhe faltou também a teimosia. Teimou em ser feliz, e o foi! Teimou em matar a saudade da amiga e o fez, em um dia especial para ambas.

As lembranças dessa amiga inesquecível estão eternizadas em uma de suas canções favoritas: "Amizade", do grupo Fundo de Quintal. Os versos falam por si:

“A amizade
Nem mesmo a força do tempo irá destruir
Quero chorar o seu choro,
quero sorrir seu sorriso,
valeu por você existir, amiga”

Denise nasceu em São Vicente (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 46 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela amiga de Denise, Deborah Christina da Silva Lopes. Este tributo foi apurado por Thaíssa Parente, editado por Ana Clara Cavalcante, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 29 de janeiro de 2021.