1929 - 2020
Uma avó carinhosa, de coração puro, e que fazia o melhor bolinho de arroz do mundo.
Vó Dete, como essa canceriana era conhecida e carinhosamente chamada, foi mãe de três, teve quatro netos e também foi bisavó. Considerava a nora como a uma filha e tinha uma porção de netos postiços. Segundo a neta Jéssica, “não tinha como alguém conhecê-la e não amá-la. Com um coração puro, mesmo diante de adversidades mantinha seu otimismo e sua doçura, o que cativava todos”.
Sempre foi muito dedicada à família e a Deus. Afirma a neta que vó Dete “rezava e cuidava com carinho de todos ─ até da nossa cachorrinha que, com certeza, sente muito sua falta”.
Quando completou 90 anos, fez questão de fazer uma grande festa para comemorar com a família e as amigas. “Ela dizia que foi a realização de um sonho. E, nesse dia, recebeu muito amor e carinho de todos”, conta Jéssica.
Ela fazia o melhor bolinho de arroz do mundo, junto com um cafezinho bem doce, e falava com seu leve sotaque alagoano “o café tem que ser doce porque de 'margoso' já basta a vida”, reproduz com saudade a neta o discurso da avó enquanto se lembra do momento preferido do dia: o café da tarde juntas.
Mas, além do café, muitos outros encontros e conexões havia com essa avó. “Eu cuidava dela e ela cuidava de mim. Eu a chamava de ‘meu bebê’. Com sua partida, ficou um buraco dentro de mim e uma dor imensurável”, relata a neta.
Apesar da saudade dos cafés, das conversas e do cuidado, Jéssica sente que a avó está em um bom lugar, ao lado de pessoas queridas que amava. “Seu coração era tão bom que, com certeza, ela está em um ótimo lugar, ao lado do marido e da filha, que partiram há muito tempo e que ela sempre sentiu saudades”.
Jéssica teve a oportunidade de visitar e despedir-se de “seu anjo em vida” no hospital. "Disse mais uma vez o quanto a amava e suas últimas palavras ficarão guardadas para sempre em mim: 'vai com Deus, minha fia'".
“Fica em paz, meu bebê! Nós te amamos, vó Dete!”, finaliza a neta.
Deusdete nasceu em Palmeira dos Índios (AL) e faleceu em São Paulo (SP), aos 91 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela neta de Deusdete, Jéssica Altieri de Melo. Este tributo foi apurado por Lila Gmeiner, editado por Denise Stefanoni, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 6 de março de 2021.