1942 - 2021
Todos os dias conversava com suas plantas e seus cachorros, sem falta.
Dona Verônica, como gostava de ser chamada, foi uma mulher que nunca mediu esforços para doar sorrisos, amor e conversas. Ela tem uma história de entrega, de altruísmo e dedicação à família, que é linda de ver e de contar.
Filha ilegítima do seu pai, nos primeiros anos de vida, por conta de uma enfermidade, foi adotada pela família paterna, recebida como irmã adotiva pela sua irmã mais velha. Só mais tarde viria a saber de toda sua história. No tempo em que viveu com a família de seu pai ela ajudou a cuidar das crianças que nasciam e em afazeres da cozinha. Aprendeu a servir.
O enredo da história de dona Verônica, no entanto, foi digno de um verdadeiro conto de fadas.
Logo cedo conheceu o amor da sua vida, com quem casou ainda na juventude e com quem viveu por 45 anos. Construíram juntos uma família linda. Foram três filhos, algumas inúmeras mudanças, até criarem raízes e memórias na rua onde ficou conhecida por "vó" e onde viu nascer e crescer muita gente. Conhecia e era conhecida. Dona Verônica tinha orgulho do terreno que adquiriu com o esposo e cuja casa foi construída por ele.
Sua filha Luciana conta que dona Verônica “viveu para amar e servir”. Muito querida pelos vizinhos e amigos, era daquelas pessoas que adotava todos. Puro altruísmo. As pessoas que batiam à sua porta, e a quem sempre ajudava, não hesitaram em reconhecer e agradecer a boa e recorrente ajuda de dona Verônica. Era mesmo a caridade personificada.
Muito religiosa, a mãe de Luciana rezava o terço diariamente e em suas orações não se esquecia de ninguém, pedia pelos familiares, parentes, amigos e por aqueles que nem mesmo conhecia. Tinha um coração enorme, dona Verônica é lembrada pela filha como “a expressão do puro amor”.
Alegre e sorridente, essa avó que saíra de um conto de fadas, viveu o amor verdadeiro, e desse amor multiplicou frutos, cuja doação se estendeu à família, aos amigos, aos vizinhos e aos desconhecidos. Suas plantas e seus cachorros sentirão muito a sua falta. Com eles, ela era presença diária, na alegria e nas conversas.
Sobre sua mãe, Luciana afirma: "É muito difícil resumir o ser humano maravilhoso que tive o privilégio de ter como mãe. (...) Foi a verdadeira personificação do amor. (...) O céu, com certeza, está em festa com sua chegada". Dona Verônica é daquelas pessoas que será lembrada pelo amor que dedicou aos outros e pela simplicidade que a fazia enxergar o extraordinário nas pequenas coisas, nos pequenos gestos. Contaminou a todos com a sua generosidade e sua entrega.
Dezolina nasceu em Santa teresa (ES) e faleceu em Serra (ES), aos 78 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Dezolina, Luciana Aparecida Gonring. Este tributo foi apurado por Bárbara Tenório, editado por Bárbara Tenório, revisado por Francyne Nunes e moderado por Rayane Urani em 6 de junho de 2021.