Sobre o Inumeráveis

Diógenes Henriquez Coca

1980 - 2021

Conhecido por seu profissionalismo e pelo amor ao que fazia: registrar momentos em vídeos e fotografias.

Dio superou um grande desafio ainda bebê. O pequeno boliviano perdeu a mãe quando tinha apenas seis meses de vida. Seu pai o levou para uma aldeia na cidade em que nasceu, uma das primeiras cidades da América do Sul, e ali ele foi cuidado por Dona Clara, a quem considerava como mãe.

Chegou ao Brasil em 2004 para fazer um curso de desenho arquitetônico, e se encantou pelo país. Conheceu um coronel que lhe deu uma câmera de presente, para que gravasse os jogos de futebol no sítio em que morava. Foi o que bastou para que se apaixonasse por filmagem e fotografia. Começou a trabalhar em uma produtora e foi se aperfeiçoando até se profissionalizar. Fez muitos trabalhos como cinegrafista para o radialista Clóvis Monteiro, a jornalista Isabele Benito e o humorista Sérgio Mallandro, além de para marcas famosas e redes de supermercados. Montou sua própria empresa e passou a trabalhar com casamentos.

Conheceu a companheira Alexandra por meio de um aplicativo de relacionamentos, e por uma coincidência do destino se descobriram vizinhos de rua. Alê, também fotógrafa, comentou que tinha uma lente mas não tinha uma câmera, e Dio contou que com ele estava ocorrendo o contrário: tinha uma câmera sem lente! Resolveram juntar o útil ao agradável, apaixonados desde o primeiro encontro. Nunca mais se separaram. Alê foi seu grande braço direito. Trabalharam juntos e ela dá continuidade ao legado de Dio, tocando a empresa.

Dio era chamado por Alê de anjo, e ela por ele de bebezinha. Passavam seus momentos livres agarradinhos, cuidando de Zuck, o filho de quatro patas. Todos os dias acordavam com música, agradecendo um pela vida do outro. A relação do casal era um presente para ambos. Foram cúmplices, companheiros e felizes. Um amor puro e indescritível.

Dio foi querido por muitos, mesmo que não fosse uma pessoa festeira. Tinha carinho especial por seus amigos de trabalho. Saíam para gravações, almoços e encontros. Nas horas livres apreciava boas músicas, editava seus trabalhos e via vídeos de pegadinhas em uma plataforma digital. Seus estilos musicais preferidos eram o romântico, o latino e o jazz.

Sua história de vida começou com muitas aventuras e dificuldades, mas desde o início estava escrito que ele seria diferente, que venceria com seu jeito especial e sua vontade de viver. Dio está eternizado em cada fotografia feita por ele com coração, amor e dedicação. “Obrigada por ter existido, Dio!”, finaliza a companheira Alê, em nome de todos que tiveram o privilégio de sua convivência.

Diógenes nasceu em Cochabamba (Bolívia) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 41 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela companheira de Diógenes, Alexandra Teixeira Pazos. Este tributo foi apurado por Luisa Pereira Rocha, editado por Ana Clara Cavalcante, revisado por Fernanda Ravagnani e moderado por Rayane Urani em 21 de abril de 2022.