1932 - 2020
A alegria e a determinação fizeram a sua marca registrada.
"Morávamos juntos eu, meus pais e ela, minha avó. Minha 'véinha' estava com Alzheimer, mas isso não impedia que ela sempre se preocupasse com todos, querendo saber se já tinham chegado à casa", conta a neta Renata.
Era uma pessoa muito alegre e de bem com a vida. Quando a família estava triste, ela os divertia com alguma piada qualquer. Riam, às vezes, até esquecer dos problemas.
Nunca deixou de ser vaidosa, gostava de conversar e era uma mulher amável. Não tinha quem não se encantasse com sua doçura.
Quando a neta chegava tarde da faculdade, Djanira sempre a estava esperando e falava "graças a Deus que chegou, deixa eu dar um beijinho".
"Era meu alívio do stress do dia inteiro pra adormecer em paz", declara a neta Renata.
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Didi, como era carinhosamente tratada, conheceu muito de perto toda a dificuldade nordestina.
Sua mãe morreu cedo e, por isso, teve uma infância e adolescência difíceis, até que conheceu Francisco e com ele se casou, aos vinte e cinco anos.
Já com dois filhos nos braços - Dejaídes e Nina - vem com o marido para São Paulo, “fazer a vida” e ganhar mais três filhos – Cleide, Ronaldo e Renato.
Como muito amou, foi igualmente amada e acarinhada por cada um deles e pelos que se juntaram posteriormente, à família que criou: os genros e a nora.
Sua história prossegue nos netos Carolina, Anselmo Júnior e Renata, e nos bisnetos - Giovanna, Isabella e Heitor.
Certo é que a alegria e a determinação fizeram a sua marca registrada.
Batalhadora, criou seus cinco filhos se utilizando de toda sabedoria e experiência que adquiriu, forjadas pela vida difícil.
Ah, mas que ninguém pensasse em dar uma “rasteira” nessa pernambucana arretada! Apesar da pouca escolaridade, dominava a matemática como poucos.
Em sua comunidade, nunca foi de ficar parada. Ajudava sempre àqueles que precisassem. Sem dúvida, em outros tempos, poderia ter seguido o caminho da representatividade política.
Didi, já bisavó, sofria de Alzheimer. Mas quem disse que se esqueceu, um dia que fosse, de cada um de seus cinco rebentos, até mesmo daquele já falecido?
Cleide, uma de suas filhas, conta que, religiosamente, ao final de cada dia, a pergunta que se repetia era: “Já chegou todo mundo?”, ao que diante da resposta positiva, completava: “ Ai, que bom. Obrigada, meu Deus!”.
“Fica com Deus, minha filha!”
Assim foi que Djanira se despediu, em meio aos seus.
Viveu seus oitenta e oito anos de forma intensa, marcante e, apesar das tantas dificuldades, feliz.
Testemunho da filha, Cleide Nascimento de Oliveira.
Djanira nasceu em Jataúba (PE) e faleceu em São Paulo (SP), aos 88 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido familiares de Djanira. Este texto foi apurado e escrito por Cristina Magalhães, revisado por Joselma Coelho e moderado por Rayane Urani em 30 de maio de 2020.