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Durvalino dos Santos

1951 - 2020

"Sempre que possível, seja útil. E não se esqueça de se divertir; se não for assim, não tem graça", dizia.

Com vocação para ajudar o próximo, Durvalino trabalhou no transporte de pessoas para o hospital. Ele não poderia ganhar a vida de outra forma, servir estava em seu DNA. Tanto que ele continuou com o ofício mesmo depois de se aposentar, levava quem precisasse aos estabelecimentos de saúde.

Ele amava o voluntariado. Não havia tempo nem hora para estender a mão para quem precisasse.

Tinha um jeito brincalhão que conquistava a todos. "Todas as vezes que minha turma combinava de se encontrar, eles pediam para chamar meu pai", conta o filho Fábio, para explicar como o senhor Durvalino era animado.

Ele não gostava de ver ninguém triste. Mas era raro não ficar alegre perto dele, devido às coisas engraçadas e piadas que fazia. Quando via alguém para baixo, rapidinho colocava um sorriso no rosto da pessoa.

Sempre levava os filhos, quando eram crianças, ao cinema, principalmente nos lançamentos de filmes dos "Trapalhões". Também divertia-se muito no litoral Norte de São Paulo. Caraguatatuba era o destino mais visitado, ele sempre marcava presença nos Carnavais da cidade caiçara. Conheceu vários lugares do Brasil em suas viagens anuais com a esposa. Fazia questão de viajar nas férias, escolhia um lugar, fechava o pacote e partia.

Ajudar o próximo e aproveitar a vida foi o maior legado desse jovem senhor, segundo os filhos. "Sempre que for possível, seja útil. E não se esqueça de se divertir, porque se não for assim, não tem graça", aconselhava.

Ver o Santos campeão da Libertadores em 2011, fez Durvalino viver uma explosão de alegria. Ele era um torcedor apaixonado.

Durvalino também era um homem de fé. Integrava o Terço dos Homens. Sempre foi à missa aos domingos acompanhado da esposa. Nas viagens, procurava saber onde era a igreja para cumprir o ritual que o fortalecia. Além de ser o dia do Senhor, domingo era hora de reunir a família. Sua maior alegria era ver os filhos, noras, netos e a mulher juntos.

Devoto de Nossa Senhora Aparecida, foi diversas vezes à Aparecida do Norte a pé. Em uma dessas longas caminhadas, os filhos acompanharam-no. Seu Durvalino deixou os dois no chinelo, mostrou muito mais disposição do que os filhos. "Parecia que tínhamos 90 anos. Meu pai, com 67, na época, mostrava um fôlego de garotão", contou um dos filhos.

Mas nem sempre a disposição esteve presente. O Durvalino topava tudo, o filho Fábio propôs que alugassem um caiaque. Porém, a aventura não durou 10 minutos, foi o suficiente para a dor nas costas e o cansaço fazerem os dois desistirem.

Dedicou um amor incondicional à esposa, honrou os votos de "na alegria e na tristeza, na saúde ou na doença, até que a morte os separe". Quando a mulher começou o tratamento de câncer de mama, três anos antes de ele falecer, ficou ao lado dela de forma muito carinhosa.

Todos têm saudades do homem divertido e solidário que Durvalino era, mas o filho Fábio tem uma certeza reconfortante: "Ele partiu e foi morar no céu, lugar que sempre acreditou existir".

Durvalino nasceu em Jacareí (SP) e faleceu em São José dos Campos (SP), aos 68 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelos filhos de Durvalino, José Alexandre e Fábio Alves dos Santos. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Talita Camargos, revisado por Renata Nascimento Montanari e moderado por Rayane Urani em 5 de abril de 2021.