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Edeleusa Maria Santos de Araujo

1965 - 2020

Com sorriso recatado e rosto sereno, era tão doce quanto os doces que amava comer.

Dedicada à família, era companheira, cuidadora e conselheira: companheira da mãe de 83 anos e da irmã ─ com quem não passava um dia sem conversar, cuidadora dos filhos gêmeos e conselheira da sobrinha-afilhada. “Ela era 100% família. Viveu para minha avó e para os filhos, principalmente para o Kelvin que tem problemas de saúde e meus dois tios que também moravam com ela”, relata a sobrinha e afilhada Joyce.

Além da família nuclear, tias, madrinha, primas e primos se reuniam uma vez por mês na casa de Edeleusa. “Pelo menos um domingo no mês nos reencontrávamos todos para um café. Ela queria sempre todos por perto”, afirma Joyce.

Cuidava, mas não solicitava cuidado, não demonstrava fraqueza nem sequer relatava qualquer dificuldade. “Sofria tudo calada. Não passava seus problemas para ninguém. Tínhamos uma imagem da mulher-maravilha nela”, lembra a sobrinha.

Para acompanhar o filho nos tratamentos de saúde, precisou trabalhar como autônoma. Era manicure. “Todas as clientes elogiavam seu cuidado e seu amor pelo trabalho”, conta Joyce. Cuidava das unhas das clientes, mas roía as suas, especialmente quando assistia às novelas.

Adorava assistir às novelas e às missas. E, quando não estava roendo as unhas, estava comendo doces. “Ela parecia uma formiga, como adorava um doce”, o que era até motivo de briga na família, diz a sobrinha, já que ela "devorava" os doces da casa.

O “xodó” de Edeleusa era a neta Thayna, de sete anos, filha de Kleber. “Elas eram parceiras, amavam-se tanto! Era uma relação, de amor e de respeito, linda de se ver”, conta Joyce. “Agora Thayna fala todos os dias que não queria que a avó tivesse virado estrelinha”, complementa a sobrinha.

Com saudade e com a lembrança do sorriso recatado no rosto sereno, Joyce finaliza sua homenagem:

“Madrinha, você virou nossa estrela, a estrela mais brilhante de todas.
Como você foi importante para mim e para todos ao seu lado. Obrigada por existir em nossas vidas! Obrigada pelo cuidado que teve com todos. Nós te amamos, madrinha!”

Edeleusa nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 55 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela sobrinha e afilhada de Edeleusa, Joyce Santos de Jesus. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Denise Stefanoni, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 8 de fevereiro de 2021.