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Edgar Eguez Vacadiez

1955 - 2020

Os churrascos preparados por ele, de surpresa, sob a mangueira eram os melhores.

Essa é uma carta aberta de Maria do Carmo para seu amado irmão, Edgar:

Um homem que foi muito bom marido, pai e avô. Bom de todo o coração, pois criou os filhos, os netos e até o bisneto dentro de casa. Minha cunhada muitas vezes desejava se mudar para outra casa, onde pudessem viver só os dois, mas ele não conseguia se desligar. Tinha esse compromisso de ajudar os filhos, um compromisso que ele assumiu, ele se desdobrava para sustentar toda essa numerosa família.

Muitas vezes levava processos para trabalhar no final de semana no pequeno escritório que tinha em casa. Por ser demasiado responsável, acho que nunca faltou ao trabalho. Recebeu homenagem, placas de prata e ouro pelos mais de 30 anos de serviços prestados ao Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia. Era formado em contabilidade e trabalhava na contadoria do Tribunal.

Uma lembrança querida que guardo foi entrar de braço dado com ele na missa de colação de grau. Ele também me deu um lindo presente: pagou as minhas fotos de formatura. Edgar era meu irmão por parte de mãe, 13 anos mais velho que eu. Quando minha mãe se casou com meu pai ele era criança e tinha mais três irmãos, sendo um menino e uma menina, a caçula. Sempre foi um menino e depois um rapaz responsável. Esforçado e batalhador, estudava à noite e trabalhava durante o dia em uma fábrica de refrigerante e depois na prefeitura. Casou-se muito cedo, com 17 anos.

Extremamente calmo e amoroso; muito difícil encontrar alguém como ele, e não falo isso por ser sua irmã, todos os que o conheceram dizem a mesma coisa. Ele era muito educado, gentil e também um tanto tímido. Gostava de dançar, mas isso só fazia depois de tomar uma cervejinha.

Nossos encontros na casa dele eram debaixo de uma mangueira, onde nos recebia com um churrasco preparado por ele. Tudo era muito gostoso, ele fazia com capricho, e ficávamos conversando e lembrando de muitos momentos de nossa infância, ele estava sempre abraçado à esposa. E dizia "nem ia fazer churrasco, foi de repente", justificando-se por não ter convidado com mais antecedência.

Edgar nasceu em Guajará-Mirim (RO) e faleceu em Porto Velho (RO), aos 65 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela irmã de Edgar, Maria do Carmo. Este tributo foi apurado por Emily Bem, editado por Ana Macarini, revisado por Ana Macarini e moderado por Ana Macarini em 6 de dezembro de 2022.