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Edson Luiz Duarte

1976 - 2020

Tinha o talento genuíno de unir toda a família por meio das suas costumeiras piadas e músicas bregas de forró.

Com histórias dignas de ilustrar páginas de livros e roteiros de filmes, Edson escreveu sua trajetória. “Eu sempre o vi como inspiração” conta o sobrinho Silas, relembrando as conquistas atingidas pelo tio, graças ao seu mais puro esforço. “Desde cedo ele sempre trabalhou e conquistou suas coisas, e eu achava isso incrível. Meu tio tinha uma vida mais complicada no interior e quis tentar aqui em São Paulo. Então ele veio pra cá, ficou na casa de um irmão e começou a trabalhar na fábrica de tintas, onde meu pai trabalhava e o indicou. Desde lá ele comprou um terreno, construiu sua primeira casa, depois foi construindo mais, comprou seus carros e conquistou seus objetivos.”

E Edson era do tipo que sabia como aproveitar cada uma de suas vitórias. “Lembro quando ele comprou seu primeiro carro, ele estava muito feliz... A gente saía pra muitos lugares e ele sempre ia ouvindo suas músicas bregas” recorda o sobrinho.

Frequentemente perguntava aos familiares se estava tudo bem nos mais diversos sentidos, fosse situação financeira, saúde, moradia... Isso sempre refletia no modo como tratava as pessoas que amava, em um ato de gentileza, chegando a abrigar pelo tempo que fosse preciso um de seus irmãos que havia se mudado e ainda não tinha trabalho ou lugar para ficar com a família, arcando com todas as despesas.

Mantinha igual ternura com seu filho. Nas palavras de Silas, “Ele daria o mundo por aquele menino”. E, à sua maneira, Edson cumpriu tal proeza, dando tudo de si para estar sempre presente, sempre passearem juntos, sempre agradá-lo...

Foi um bom pai e um bom marido, também. Não parava de falar sobre sua esposa, de quando a conheceu e logo eles se tornaram companheiros inseparáveis, passando cada momento possível juntos. “Dava pra ver que ele a amava, pois quando eles tinham algum desentendimento ele sempre vinha pedir conselhos ao meu pai, com medo de perder ela”, como conta o sobrinho.

Edson era assim, promissor em tudo o que se propunha a fazer, inclusive (e principalmente) em contar piadas. Com seu jeito brincalhão e animado, usava a implicância e o bom humor para demonstrar carinho pelos mais queridos. “Eu sempre fui meio gordinho, então ele ficava fazendo brincadeiras comigo em relação a isso, mas eram brincadeiras saudáveis, nunca sequer me senti ofendido. Ele chamava meu pai de Sr. Barriga”, Silas resgata de suas memórias.

Por outro lado, compensava as piadinhas distribuindo agrados com todo o amor e doçura do mundo. O sobrinha conta: “Teve uma vez que fizemos uma viagem para Minas Gerais, eu nunca tinha ido lá. Ele me mostrou a cidade em que tinha crescido, me mostrou alguns lugares legais, pontos turísticos e foi lá que ele deixou eu dirigir seu carro pela primeira vez... Essa viagem foi marcante pra mim."

Edson, suas brincadeiras e seu jeito amoroso de ser, habitarão para sempre nas lembranças de todos.

Edson nasceu em Tarumirim (MG) e faleceu em São Paulo (SP), aos 44 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela prima e pelo sobrinho de Edson, Beatriz Taciana dos Reis e Silas Duarte. Este tributo foi apurado por Brenda de Oliveira Teixeira, editado por Brenda de Oliveira Teixeira, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 28 de janeiro de 2022.