Sobre o Inumeráveis

Eduardo Caminada Junior

1971 - 2021

Fez da conscientização da epilepsia sua grande luta, com amor, alegria e um desprendimento admirável.

Um homem bem humorado, alegre e amoroso. Edu, como era conhecido, era o caçula de duas irmãs.

A maior paixão da vida de Edu, sem dúvida, era a filha Júlia, ou sua ‘Juju’. Amou e cuidou incondicionalmente de sua menina, com todo carinho.
A irmã, Sirlene, conta que seus pais são falecidos e acrescenta: “Meu irmão e minha mãe mantinham uma relação bem próxima, mas infelizmente ela faleceu muito cedo, quando ele tinha seus vinte anos.” Dona Julieta era a outra ‘Juju’ da vida desse ser humano generoso e único.

Portador de epilepsia, que foi diagnosticada aos três anos de idade, Edu mudou sua história e de muitas famílias. Criou um personagem, o ‘Dudu’, para esclarecer e combater o estigma da doença. A mãe era também personagem das histórias do menino ‘Dudu’, divulgadas nas redes sociais em “Dudu pela vida” (@dudupelavida).

Sirlene se emociona dividindo a saudade do irmão: “Não só ele, mas ‘Dudu’ sempre estará em nossos corações. Seu amigo, médico e companheiro de jornadas, Renato Luiz Marchetti, escreveu um lindo texto em sua homenagem, que fizemos questão de compartilhar.”

Pelas palavras do Dr. Renato Luiz, que afirmou ter sido um choque a notícia recebida por mensagem no celular, comunicando o falecimento do namorado:

“Eduardo não era rico ou famoso. Eu o conheci em eventos médicos. Portador de epilepsia, palestrante, autor do livro Viva com Epilepsia, embaixador do Purple Day no Brasil (evento anual internacional de conscientização sobre epilepsia), coautor do nosso livro Manual Prático de Neuropsiquiatria de Epilepsia, participante convidado dos Psicoeducacionais do PROJEPSI.

Sempre admirei a coragem do Eduardo. Muitos, ao se defrontarem com o estigma da epilepsia, escondem-se nas suas sombras. Eduardo se expôs à luz, transformando a epilepsia na sua causa, até mesmo com sacrifícios pessoais. Até hoje me surpreendo como ele conseguiu fazer isso.

[...]

Minha admiração cresceu ainda mais ao testemunhar como ele enfrentou os seus problemas com o coração aberto, desprendimento, dignidade e ausência de autocomiseração.”

“A última frase resume perfeitamente meu querido irmão”, diz Sirlene.

Edu adorava o grupo Queen, especialmente a música “Somebody to Love”. Quando ‘Juju’ soube que seu pai tinha partido, colocou essa música no último volume. Com certeza, Edu era e é alguém para amar.

Eduardo nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 49 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela irmã de Eduardo, Sirlene Caminada. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Denise Pereira, revisado por Acácia Montagnolli e moderado por Rayane Urani em 29 de abril de 2021.