1974 - 2020
Um pescador de sorrisos que amava rock das antigas.
Quando sentiu que os sintomas estavam muito fortes, Eduardo pegou o carro e saiu discretamente para o hospital. Dirigindo e sozinho. Ele fazia de tudo para proteger a família, nem que precisasse colocar a si mesmo em risco.
A personalidade forte, no entanto, nunca impediu que ele vivesse cada dia como um filme de comédia. Nem sequer considerava abrir mão da piada – e, quando a tirada saía meio sem graça, logo dava um jeito de emendar uma mais engraçada.
Mas ele não pescava apenas sorrisos. Sempre que tinha um tempinho livre, corria para a cidade de Palmital (SP) e encontrava o grupo de pesca. Os amigos passavam horas no Rio Paranapanema conversando, contando causos – e, eventualmente, dando utilidade para o anzol.
Eduardo, por sua vez, era fisgado sem demora por um bom rock das antigas. Comentava com frequência a emoção vivida ao assistir ao show da banda Queen com o filho Vitor. A experiência acabou sendo isca para outra também muito especial: na companhia do irmão, que também era seu melhor amigo, levou o filho para o festival Rock in Rio, cerca de um ano depois.
Aprendeu desde cedo a rezar. Tinha devoção por Nossa Senhora da Aparecida, a quem pedia proteção. Dizia que queria chegar ao Céu, antes do irmão e dos primos, para encontrar primeiro o pai e o avô. Não era história de pescador.
Eduardo nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Bernardo do Campo (SP), aos 46 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela prima de Eduardo, Cinthia Undiciatti Monteiro. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Juliana Parente, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 29 de agosto de 2020.