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Edward Siqueira da Silva

1936 - 2020

Orgulhava-se de ter dado aos filhos o que ele não teve: formação universitária.

“Típico caboclo marajoara”, Edward “adorava assistir esportes na televisão, deliciava-se com um café acompanhado de bolo de milho, apreciava imensamente uma boa caldeirada de peixe”. Gostava de palavras cruzadas: “quando terminava um livreto, ele já acionava os filhos para que lhe trouxessem outro”.

Quem conta é sua nora, Kátia, para quem o sogro, “apesar da pouca formação, nos surpreendia com uma sapiência irretocável”. Embora parecesse “bravo”, continua Kátia, “era doce como flor de laranjeira, tinha um sorriso largo, adorava contar histórias, fazia amizades rápido e conquistava a todos. E, apesar da idade, era um homem forte, nada o abatia”. Foi um trabalhador exemplar, ao ponto de ter sido homenageado pela empresa onde trabalhava.

Havia algo que o irritava: não suportava pessoas soberbas. “Quando isto acontecia, logo se manifestava e exaltava a humildade”, diz Kátia.

A vida longa lhe propiciou a alegria de ver seu maior sonho realizado: ter os três filhos diplomados. Ele se orgulhava de “ter dado aos filhos algo que não foi possível a ele”, conclui a nora.

Edward nasceu em Soure (PA) e faleceu em Belém (PA), aos 88 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela nora de Edward, Kátia Cilene Silva. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Joaci Pereira Furtado, revisado por Joaci Pereira Furtado e moderado por Rayane Urani em 12 de setembro de 2020.