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Elclar Eguilhor Carballo

1969 - 2020

Livros e boa música compunham seus temas preferidos para conversar se conectar com as pessoas.

Pelo nome pouco comum, ele recebeu muitos apelidos ao longo da vida. Para uns foi Tata, para outros Mire ou Elclamire; mas, ao final de sua jornada, ele foi mais lembrado como Gaúcho.

Seu time do coração era o Grêmio. Era um torcedor tão fanático, que possuía tatuagens em sua homenagem. Tinha orgulho de suas origens e de ser gaúcho e gremista.

Amava tatuagens e possuía cinco delas em seu corpo, como se fosse para deixar registrado na pele as coisas mais importantes da sua vida — dedicou uma à esposa, uma ao filho e outra ao seu imortal tricolor.

Foi um pai maravilhoso e diferenciado. Com as inúmeras mudanças provocadas pela profissão de Patrícia, o casal vivia uma inversão de papeis em relação à família tradicional. Era ele quem acompanhava o filho Gabriel na educação, nas orientações e na vida cotidiana. E era ele quem, na maioria das vezes, abria mão de sua satisfação profissional buscando colaborar na realização dos sonhos da esposa.

Apesar de seu estilo de vida extremamente leve, Elclar era também extremamente organizado. Gostava da vida reta e pragmática e, assim, complementava a vida de sua amada.

Morou em várias cidades dos estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Mato Grosso do Sul e também no Distrito Federal. Para algumas delas foi levado pela sua principal virtude: a de ser o melhor parceiro da esposa. Dedicou a vida a ser este companheiro, de estar sempre ao lado dela e do filho, como porto de ancoragem segura, mesmo quando o barco ainda estava em movimento.

Ele era uma pessoa fácil, simples, de fazer amigos para uma vida inteira. Caseiro e cinéfilo, conhecia tudo de filmes e compartilhava seus conhecimentos. Quando jovem, chegou a ser chamado de "Telinho" por viver sempre em frente a uma TV. Curtia a vida, um bom rock, blues e vertentes, MPB e uma cervejinha. Gostava de comidas muito simples, mas amava um bom vinho tinto.

Gostava tanto de praia, que fazia planos de um dia morar em alguma. Quem quisesse vê-lo feliz, bastava programar uma ida a praias do Nordeste ou mesmo mais próximas, em Santa Catarina.

Ele era mais de ouvir, do que de falar. Diz a esposa, Patrícia: “O Elclar sempre dizia que 'veio a passeio'. Era muito leve, era bom papo, de um conhecimento geral inigualável; se dava muito bem com as pessoas de mais idade, com quem dizia aprender muito”.

Elclar nasceu em Sao Gabriel (RS) e faleceu em Brasilia (DF), aos 51 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa de Elclar, Patricia Kieling Carballo. Este tributo foi apurado por Ticiana Werneck, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 30 de novembro de 2021.