1957 - 2020
Sempre alegre, chegava no terreiro pedindo a bênção de Exu.
Eliana sabia narrar. Tinha essa sabedoria de olhar pro presente e ir além da monotonia da rotina: encontrava histórias que adorava contar para a família. Se possível, e quase sempre era, com muito riso.
Ser conhecida no trabalho como Sargento Megera justifica a alma jovem e sempre alegre. Afinal, era o contrário disso, mas a personagem caía bem para que os companheiros caíssem no riso. Talvez a pequenez e a assertividade aproximasse Eliana à personagem. Mas era tudo brincadeira, sempre brincadeira.
Eliana nos dias de festa era assim: podia ser Natal ou Ano Novo, mas fazia Carnaval. Páscoa ou aniversário, mas fazia Carnaval. Imagina, então, quando era, de fato, Carnaval? Não era elétrico, mas o trio cerveja-samba-Eliana era imbatível. Juntava a família toda pra festejar.
Casada com Irapuã, se conheceram quando ele era coroinha. A religião sempre presente: na infância, foi criança muito doente, mas salva por uma promessa do tio a São Sebastião. Já adulta, pisava no terreiro pedindo bênção ao sentinela Exu.
“Mãe perfeita!”, definem as filhas Aline e Luana. Elas sabem que a mãe deixou um sonho em aberto: ter a casa própria. Mas do trio elétrico que foi sua vida, deixou um legado maior, e Aline e Luana reconhecem. A alegria de quem soube viver. De quem soube amar a vida e viver amando.
Das saudades, uma saudação. Laroiê, Exu!
Eliana nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo sobrinho de Eliana, Rick Gomes Dias. Este texto foi apurado e escrito por jornalista , revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 16 de fevereiro de 2021.