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Eliana Regina Campos de Souza Pereira

1947 - 2020

Costurou a vida com agulha, açúcar, palavras e muito afeto.

“Eli Presley. De tão apaixonada por Elvis Presley, era assim que assinava as provas no colégio”, conta a filha Thaia. Mas na vida de Eliana couberam muitas outras paixões.

Tinha muitos talentos. Confeitava bolos decorados para as festas de aniversário das duas filhas. Paredes e mesa recebiam decoração especial feita por ela com a dedicação e o carinho de quem quer ver muita alegria enchendo os quatro cantos da casa. Eram suas especialidades também as comidinhas gostosas, o que tornava tudo perfeito na festa de seus sonhos. Fantasiar sempre esteve entre seus maiores prazeres.

O Dia das Crianças nunca passava sem um belo bolo. Depois que se tornou avó de dois netos, Eliana passou a inventar teatrinho e fantasias para tornar suas vidas plenas de sonho e brincadeira. “Era uma avó muito lúdica”, relembra a filha.

Com agulha e linha nas mãos, Eliana era capaz de criar coisas maravilhosas no bordado, no tricô e no crochê. Também sabia costurar muito bem, “costurava roupas ‘tal mãe, tal filha' quando éramos pequenas”, conta a filha. Mas o que Eliana sabia mesmo era costurar a vida com afeto.

Sua casa era a vitrine da sua alma. “Sempre gostou de decorá-la com suas costuras, pinturas e ideias mirabolantes”, diz a filha. Suas paredes nunca viram pintor, pois ela mesma pintava os cômodos.

Talento e amor pelo que fazia enchiam sua morada de beleza e harmonia. “Até hoje as pessoas se recordam daquele banheiro da nossa infância, com as paredes forradas de tecido florido”, conta Thaia.

Como se não bastasse tanto talento com as mãos, Eliana ainda escrevia muito bem. Foi professora de português, literatura e latim. Aos 50 anos prestou concurso para o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro onde se aposentou anos mais tarde.

Como professora, Eliana deixou muitas sementes plantadas. “Alguns de seus alunos se tornaram professores por influência dela”, diz a filha. Suas crônicas eram tão apreciadas que foi criada uma página numa rede social para que pudessem divulgá-las”, continua a filha.

Eliana parte deixando um imenso vazio no coração da família e amigos, mas a herança deixada por ela estará eternamente presente em seus atos e lembranças. Uma mulher inesquecível.

Eliana nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 73 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Eliana, Thaia Campos de Souza Pereira. Este tributo foi apurado por Hélida Matta, editado por Míriam Ramalho, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 1 de março de 2021.