1958 - 2020
Intensa, Beth vivia a vida com todas as cores e tons.
Elizabeth, nascida e criada na mineira Durandé, sempre foi cuidadosa e atenciosa, muito querida por sua família e por todos que a conheciam.
Desde cedo, nutria o sonho de ser enfermeira. Aos 18 anos, começou a trabalhar no Hospital Padre Júlio Maria e se apaixonou ainda mais pela profissão. Era uma profissional tão competente e dedicada que virou referência em seu bairro. Sempre que precisavam, os vizinhos batiam a sua porta para buscar cuidados.
Também sonhava em ser mãe, mas devido a uma condição genética não podia engravidar. Católica fervorosa como era, pediu a Deus um filho do coração. Ele lhe concedeu Carlos José. À época, a mãe de Elizabeth estava em estágio terminal de câncer, e a criança veio como um bálsamo para a família.
Beth intensa em todos os aspectos. Completamente apaixonada pela família, adorava passar tempo com as irmãs e sobrinhas. Amava viajar, colocar o pé na estrada ou voar entre as nuvens! Admirava a praia, o mar, as plantas… mas, seu verdadeiro encanto eram as borboletas. Adorava observá-las e deslumbrava-se com suas cores e formas.
Em 2006, após conciliar o emprego, os estudos e a criação do filho, finalmente conquistou o sonho de se formar em Enfermagem. Em razão de uma osteoporose, tinha próteses nos quadris e duas placas e cinco parafusos na coluna. No entanto, Beth nunca desistia do que queria. Sozinha, adquiriu um terreno e começou a construção de sua casa, além de comprar um carro novinho em folha.
Aos 62 anos, não queria se aposentar. Era apaixonada pelo que fazia e tinha o maior prazer em ajudar aos outros. No início da pandemia, foi afastada por fazer parte do grupo de risco. Não aceitou. Sentia que precisariam dela na luta. Beth lutou até o final.
Foi uma mulher forte, que dedicou sua vida a quem amava. Sozinha, conquistou seus sonhos e batalhou até o final pelo que acreditava. E, assim como as borboletas que tanto amava, Beth voou para um novo jardim.
Elizabeth nasceu em Durandé (MG) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 62 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido Irmã de Elizabeth, Ana Dalva dos Santos. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Lenith Alyanova, revisado por Daniel Schulze e moderado por Rayane Urani em 14 de setembro de 2020.