1961 - 2021
Mestre na arte da simpatia e do bom humor, ensinou mais do que português, inglês e informática. Ensinou sobre a vida.
De alma leve e coração livre, soube apreciar as pequenas alegrias da vida. Passava seu tempo entretido entre plantas, jornais ou algo para comprar. Apreciava um bom jogo de dominó, se divertia no karaokê, onde soltava a voz e brincava de ser cantor. Também não dispensava um copo de cerveja ou bom papo com os cunhados, melhor ainda era quando as duas coisas vinham juntas. O combo da felicidade de Elói não precisava de muito para ser completo.
Dividiu a jornada da vida durante 30 anos com Maria de Lourdes, e com ela a caminhada foi mais leve. Partilharam de muito amor e afeto, e construíram uma linda união nas bases do respeito e do carinho. Quando o amor ficou grande demais apenas para os dois, se estendeu na forma de três filhos que vieram não para completar a família, mas para transbordar ainda mais o sentimento que não coube apenas em dois corações. Depois, como amor nunca é demais, vieram ainda os dois netinhos, que expandiram de vez o amor que receberam dos pais que claro, receberam de grandes mestres: Elói e Maria.
Apesar de ser um pai durão, Elói sempre fez o melhor pelos filhos. Fez o que pôde, da forma como pôde, para dar aos filhos os princípios da educação, respeito e amor. Protetor, estava sempre de olho nos filhos, acompanhando seus passos e vigiando para não seguirem caminhos errados. Elói não fazia vista grossa, mas era pelo bem dos que amava. O rosto era durão, mas o coração era molinho que nem geleia.
Conquistou muitos amigos ao longo da vida, com o jeito tranquilo e alegre que cativava com facilidade. Vizinhos, irmãos, colegas de trabalho.. por onde quer que passasse, Elói deixava um pouquinho de si com os outros, e levava muito dos outros consigo. Sempre se esforçando para ser uma pessoa melhor. Sábio, não era atoa que a família da esposa o chamava de “mestre Elói.”
Quinto filho homem entre dez irmãos, eram cinco homens e cinco mulheres. Era chamado carinhosamente de Eloizinho pelas irmãs. Elói herdou o nome que na verdade seria do seu pai. Quando Manoel, pai de Elói, nasceu o padre disse que esse não era um nome muito bom, por isso acabou se chamando Manoel. O tempo passou, mas o gosto pelo nome não, e quando Manoel teve seu filho pôde, finalmente, colocar nele o nome que na verdade, era pra ser seu! E foi assim que Elói virou Elói.
Alquimista, adorava fazer invenções e misturas, mas não em laboratórios convencionais. Preferia trabalhar na cozinha, inventando sempre uma receita diferente, algumas deliciosas, outras nem tanto, a maioria de procedência meio duvidosa, diga-se de passagem. Apesar das dúvidas, uma coisa, porém, era certeza: era o padeiro da família. Fazia pães e pizzas como ninguém, recheadas de amor e temperadas com carinho e bom humor.
Foi ainda professor e marceneiro. Na arte de ensinar, ajudou muitas pessoas a se encontrarem através dos caminhos da educação, e colaborou para formar alunos que sabiam um pouco de português, inglês e informática, e muito de amor, respeito e solidariedade. Já no ofício da marcenaria, construiu muitos móveis e ferramentas. Quando a neta Sofia nasceu e o vovô Elói queria agradar, construiu uma casinha de bonecas para a pequena, que ficou radiante com o presente. As bonecas morariam na casa nova e o vovô moraria para sempre em seu coração.
Otimista, sempre gostava de compartilhar com a família as conquistas e alegrias da vida. Quando fazia a colheita, sempre mandava fotos para os irmãos, e depois ia na casa de cada um dividir um pouco do que tinha. Sabia que as alegrias da vida só fazem sentido quando compartilhamos com quem amamos.
Era encantado com os pais e com os irmãos, e por isso a dona Enói e o seu Elói acompanhado dos filhos Alceu e Manoel devem ter feito uma grande recepção do lado de lá para acolherem o querido e amado Elói.
Elói se foi, deixando a família e os amigos cheios de saudade. Os dias são mais pesados sem sua pizza no final deles, e as plantinhas estão um pouco mais secas depois de sua ausência. De lá, Elói segue vigiando os seus ainda sem fazer vista grossa, mas já pensando nos pães e nos abraços do reencontro quando este acontecer, afinal, o rosto é de durão mas o coração, é molinho que nem geleia.
Elói nasceu em Manaus (AM) e faleceu em Manaus (AM), aos 59 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelo filho de Elói, Vinícius Paes Lima. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Bárbara Aparecida Alves Queiroz , revisado por Luana Bernardes Maciel e moderado por Rayane Urani em 29 de março de 2021.