1975 - 2020
Os sentimentos que não conseguia expressar em palavras, demonstrava com sua generosidade, alegria e união.
Emerson era tão fã de apelidar as pessoas que nem ele escapou de ser mais conhecido por ‘Neno’ do que pelo próprio nome. Sempre extrovertido, sua especialidade era espalhar alegria, seja apelidando quem estava ao seu lado, animando as festas ou sendo atencioso com crianças. Em toda ocasião, o sorriso de Neno era o destaque.
A sustentação dele era feita sobre três pilares: a filha Bianca; a mãe, Cecília, e a avó, Dona Idalina ─ as mulheres de sua vida. Estava sempre visitando a mãe no Paraná, não deixava de se fazer presente.
Um dos grandes sonhos que realizou, mas que, infelizmente, não teve tempo de desfrutar foi a compra de um sítio, no qual planejava comemorar muitas datas com a família reunida.
Fez grandes amigos onde viveu a maior parte da vida, na Vila União, bairro da zona leste de São Paulo. Muito conhecido por lá, deixa muitos corações gratos pela generosidade que demonstrou por quem precisou. Nessa mesma região em que Neno fez morada e laços, era onde o torcedor apaixonado pelo Corinthians ocupava os bares em dias de jogos do clube. Além de assistir aos jogos, Neno apreciava estar no bar acompanhado da cerveja e de seus amigos.
“Mesmo sem saber demonstrar sentimentos, tinha um coração enorme”, declara a filha Bianca. Neno era mesmo esse baú de emoções, que abrigava virtudes demonstradas mais por ações que por palavras. Ele sabia dessa barreira e decidiu pôr no papel o que não tomava forma pela fala, guardando por muitos anos uma carta endereçada à filha. Após sua partida, ao mexer nas coisas do pai, Bianca encontrou a carta, escrita em 24 de maio de 2007, que expressa a seguinte mensagem:
“Amor da minha vida. Bianca, te amo tanto que nem sei como expor esse meu amor que está aqui dentro do meu coração tão apertado.
Bianca, tudo que tenho na minha vida é você então não se esqueça desse meu sentimento.”
No fundo, ele nunca precisou dizer para que a filha, toda sua família e seus grandes amigos estivessem convictos do coração enorme que Neno possuía.
Emerson nasceu em Curiúva (PR) e faleceu em São Paulo (SP), aos 45 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Emerson, Bianca dos Santos Machado. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Júllia Cássia, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 25 de dezembro de 2020.