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Eraldo José Fontes

1959 - 2020

Gostava de compor poemas e músicas. Adorava presentear e fez da sua vida uma entrega à família.

Eraldo era o filho primogênito, o mais velho dos nove filhos de Dona Carmezinda.

Em 1984, com a morte do pai, prometeu que não faltaria nada para os irmãos e também para a sua mãe. E, realmente, não faltou. “Quando perdeu o emprego, a primeira coisa que fez foi pegar o acerto e comprar alimentos para garantir o sustento da família. A família sempre estava em primeiro lugar”, conta o irmão Marcos. Afinal, Eraldo sempre pensava no outro primeiro, antes de pensar nele próprio.

Era solteiro, abriu mão da sua vida pessoal para cuidar da sua família. “Este ato de se entregar para todos nós, foi no momento em que doou a vida dele em razão da nossa família. Sempre viveu dedicado à vida do próximo. Fazia pelo outro, não fazia por ele mesmo”, conta seu primo Samuel. Entrega esta, que também estava nos presentes que adorava distribuir. “Uma vez, deu para mim um xadrez, aprendi a jogar e ensinei meu tio João”, diz Samuel. Eraldo ficava imensamente feliz e com um lindo sorriso no rosto, ao ver o outro alegre. Sentia-se realizado.

Também adorava compor poemas e músicas, sempre tinha algum, na ponta da língua. “Era um grande escritor, não escrevia para o público, mas sim para o seu íntimo, desenhava cada letra, como se fosse um suspiro de seus pensamentos”, fala o sobrinho Thiago.

Outra paixão de Eraldo era pela natureza, sempre alimentava os pássaros, sinfonia para seus ouvidos, e aguava as plantas com todo amor. “Era difícil sair da casa da mãe e não levar uma muda de planta que ele entregava com muito carinho”, diz Marcos.

Não teve filhos, mas teve muitos sobrinhos. Foi o segundo pai para os irmãos e tornou-se o avô para os sobrinhos. Era sempre brincalhão e, claro, esbanjava alegria.

“Sua vivência foi uma música singela, cujos tons de alegria, contagiavam todos que um dia tiveram o prazer de ouvir sua voz e de sentir sua existência”, completa Thiago.

"Eraldo, na verdade, sempre foi um menino muito inocente e uma alma tão boa, que parecia um anjo”, diz seu irmão Ediraldo.

O anjo do sorriso radiante agora está iluminando sua família, com algumas de suas atitudes marcantes: a bondade e a alegria.

Eraldo nasceu em Afonso Cláudio (ES) e faleceu em Contagem (MG), aos 61 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelos familiares de Eraldo, Marcos Fontes, Samuel, Thiago e Ediraldo. Este tributo foi apurado por Mateus Teixeira, editado por Mateus Teixeira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 27 de julho de 2020.