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Erick Camargo

1991 - 2021

Encantava a todos tocando seu violão e entoando, com sua voz macia, as músicas de Tim Maia.

Erick era chamado de Pandinha, um apelido que combinava muito com ele e com seu aconchegante abraço do qual não dava vontade de sair nunca mais.

Era um meninão que ficava bicudo e se magoava facilmente fazendo com que até seu tom de voz mudasse quando estava bravinho. No entanto, ao contrário de muitos, isso logo passava. Ele então dava o sorriso mais lindo de todos e voltava a emanar o carinho, a atenção e o amor que marcavam todos que passavam por ele.

Apesar de teimoso em alguns momentos, Erick vivia com Karine, sua esposa, um relacionamento de poucos desentendimentos e muito diálogo. Segundo ela, ele parecia possuir algum tipo de mágica que encantava e apaixonava quem estivesse ao seu redor. Sempre foi aquele amigo que era procurado por ser bom ouvinte e receptivo. “Eu nunca vi uma pessoa tão amada como ele”, conta Karine.

Dedicado aos estudos, estava quase concluindo o curso superior de Administração, que sempre foi um dos seus maiores sonhos. Também gostava muito de festa e de estar com muita gente reunida.

Apaixonado por música, tinha uma voz marcante e ao mesmo tempo suave, e cantava muito bem. Amava ficar horas tocando violão, principalmente as músicas do Tim Maia de que tanto gostava. Conforme conta Karine, "a gente brincava que ele tinha alma antiga, amava música antiga, cantava moda para as tias e louvor para a mãe dele".

Erick era botafoguense absurdamente apaixonado e até fez uma tatuagem na panturrilha para homenagear o seu time. Todos os dias, antes de dormir, ele entrava no site e nas redes sociais do Botafogo. “Era incrível de ver e eu implicava muito com ele. Falava que era um castigo para uma mulher tão flamenguista quanto eu; com sua paixão, conseguiu fazer com que minha família, quase toda flamenguista, usasse uma camisa do Botafogo em homenagem a ele", revela Karine.

A esposa conta que, pela forma de ser do Erick, ela teve muito apoio durante seu período de internação. Nessa ocasião, muitos amigos dele a procuraram e continuam procurando para contar histórias maravilhosas sobre ele.

Ela encerra sua homenagem lamentando a partida precoce de Erick e a grande falta que ele faz, não só a ela, mas também para um mundo tão cheio de estranhezas e mazelas.

Erick nasceu em Vitória (ES) e faleceu em Vila Velha (ES), aos 30 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa de Erick, Karine Martins de Carvalho. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso e Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Ana Macarini em 3 de outubro de 2023.