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Érico Veríssimo Oliveira

1959 - 2020

Hábil em atiçar a brasa da churrasqueira e dos afetos, homem que foi personagem real de sua própria história.

Assim como o escritor, este Érico Veríssimo também não teve uma infância das mais fáceis. Foi obrigado a trabalhar desde os 14 anos, a família era numerosa; ele era o terceiro de oito filhos.

Assim como o escritor, este Érico Veríssimo gostava de encantar as pessoas. O escritor alcançava esse ápice através de suas palavras transcorridas no papel. Nisso eles se diferenciavam. O nosso Érico Veríssimo chegava a esse mesmo ponto com suas piadas, ele ainda estava em plena evolução, e seus comentários bem-humorados sempre arrancavam o riso das pessoas. Não importava a situação, primeiro ele descontraía, depois descomplicava.

O sorriso era o seu verdadeiro alimento, embora gostasse de um bom churrasco: carneiro com molho de hortelã era seu prato preferido. Ele até havia prometido fazê-lo na churrasqueira assim que parasse de trabalhar.

Assim como o escritor, este Érico Veríssimo deu vida a vários personagens. Não nos livros, mas na sua própria existência. Na juventude serviu o exército. Depois, quando se casou foi a vez do marido entrar em cena. Em seguida, o pai de dois filhos. Personagens reais de uma bonita história.

Assim como o escritor, este Érico Veríssimo era um amante do mar, de dançar e de estudar. Valorizava o conhecimento, estava sempre antenado às notícias e pronto para um debate político.

Quando ia almoçar na casa da filha, nunca esquecia de levar o ingrediente principal: um elogio. Talvez fosse coisa de pai, não é mesmo? Mas era exatamente isso o que ele era: não simplesmente um pai, Érico Veríssimo era "o pai".

É certo que tinha algo nele que era só dele, e que fazia dele um ser humano especial. O seu sorriso era doce e fácil. Aquele tipo de sorriso de quem é feliz, de quem não precisa de muito para se sentir bem-aventurado. Esse talvez seja o seu maior legado, maior até que o melhor dos parágrafos, ou até mesmo que o melhor dos livros.

Érico nasceu em Areado (MG) e faleceu em Florianópolis (SC), aos 60 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Érico, Fernanda Mara Pimentel Correia. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Ricardo Valverde, revisado por Ana Macarini e moderado por Ana Macarini em 13 de maio de 2021.