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Eriton Pedro dos Santos

1959 - 2021

Mecânico atento, não gostava de nada ultrapassado; amava os carros e era fascinado pelos avanços tecnológicos.

Primogênito da família em que os cinco filhos tinham nomes iniciados pela letra E, Eriton Pedro teve poucos anos de educação formal e uma vida de aprendizado e prática. Depois do terceiro ano fundamental, decidiu não mais frequentar a escola e optou por iniciar a vida de trabalho, para contribuir com a família.

A primeira atividade que lhe rendeu recursos financeiros foi a de engraxate. Depois, vendeu picolés. Aos 14 anos, empregou-se em uma fábrica de gaiolas. “No ofício, aprendeu os princípios da mecânica, profissão que lhe renderia reconhecimento pela maestria do trabalho, honestidade e muita solicitação de clientes”, conta a companheira da vida toda, Vera Regina, com quem Eriton Pedro iniciou a segunda grande jornada da sua vida: a família.

O mecânico, aos 18 anos, trabalhava em uma concessionária de veículos. A jovem Vera Regina, oito meses mais velha do que Eriton Pedro, trabalhava em um escritório. Todos os dias ele a via passar. Até que um dia, tomou coragem para perguntar: “Podemos conversar?” Vera conta: “resolvi dar uma chance para ele – na verdade, uma chance pra mim mesma!...”.

O irmão de Everton, Erivelton, Edeverson e Emenilda iniciava uma comunhão de afeto e companheirismo. Casaram-se em 5 de dezembro de 1981 e completariam quarenta anos de casados em 2021, ano de seu falecimento. Da união com Vera, nasceram Felipe, Layza e Victor. “Eriton tinha um profundo orgulho do que construímos juntos e da vida que conquistou com muito trabalho e dedicação”, lembra a esposa. Os filhos mais velhos formaram-se em Direito. Victor, o caçula, preferiu dedicar-se ao setor de serviços. Hoje trabalha em uma choperia em Viçosa, nas Minas Gerais berço da família. Felipe é servidor do Tribunal Regional do Trabalho, em Caxambu; Layza advoga para organizações não governamentais, e reside em Salvador. Vera continua residindo na terra natal dela e de Eriton, Carangola.

A filha Layza, homenageante neste Tributo, destaca que o pai, além de dedicado profissional e chefe da família, foi um grande amigo. Vera conta que toda sexta-feira, ele se reunia com dois amigos fiéis, Euclides, já falecido; e Tarcísio. “Ele não abria mão desse encontro com os amigos. Também gostava de assistir a filmes e séries e era louco por tecnologia”, lembra a esposa. “Ele não gostava de nada antigo ou velho, era apaixonado por tecnologia e computação, o que acompanhava para aplicar em seu ofício”, diz, orgulhosa. Layza completa: “Era um excelente mecânico, amante de carros e vivia de olho nas novidades tecnológicas do futuro”.

O menino Eriton, o jovem pai Eriton, o maduro Eriton, teve a oportunidade de viver ainda uma das maiores alegrias da vida: a chegada do netinho Miguel, que completou um ano quando o avô estava hospitalizado por um problema renal.

Esse grande homem deixa em seu núcleo familiar uma história de amor, dedicação, afeto, profissionalismo e amizade. “Tinha assunto para qualquer ambiente, e podia conversar por horas com pessoas de qualquer idade”, resume a filha Layza.

Eriton nasceu em Carangola (MG) e faleceu em Juiz de Fora (MG), aos 62 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Eriton, Layza Queiroz Santos. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Patrícia Coelho, revisado por Ana Macarini e moderado por Ana Macarini em 1 de dezembro de 2021.