1965 - 2020
O melhor tio, com um coração do tamanho do céu.
Ele tinha uma estatura mediana, não era nem gordo e nem magro. Evaldo era casado e tinha um único filho, o Igor.
Um brincalhão, adorava pessoas e reuni-las para contar histórias ou uma piada. Tinha uma facilidade enorme para fazer amigos, bem como para arrancar um sorriso dos novos conhecidos.
Evaldo gostava de buscar a sobrinha Suzana no trabalho e, no caminho, sempre ia cantando músicas cristãs de autoria própria, amava compor. Ele tinha dificuldades em mexer no computador e sempre pedia para a sobrinha matriculá-lo em algum curso de informática. Até que um dia, apareceu vaga na escola em que Suzana trabalhava. E o que ela fez? Claro, correu e ligou para ele. "Titio, traz teus documentos aqui que vou te inscrever numa turma de informática". Era um curso básico, para iniciantes. Ele frequentou o curso por dois dias; no terceiro, já não foi mais. "Daí, liguei para saber por que ele havia desistido", conta Suzana. Evaldo apenas disse: "Buvaninha, não dá para mim não. Esse negócio é muito complicado. Deixa eu só escrever música mesmo". "Senti-me feliz por ter realizado esse desejo dele, pena que não teve paciência para terminar. Ele era assim, meio impaciente mesmo com as coisas”, recorda Suzana.
Quando a sobrinha era criança, gostava de brincar assim para assustá-la: “Mimiu” e fingia dormir e, depois, “Codô”, ela relembra sorrindo.
O pernambucano Evaldo torcia para o Santa Cruz Futebol Clube enquanto o filho para o time rival — o Sport Club do Recife. “No dia do enterro, o filho vestiu a camisa do pai e 'virou a casaca', numa homenagem linda ao seu maior ídolo”, recorda Suzana, com a lembrança de que Evaldo “era o melhor tio, com um coração do tamanho do céu”.
Evaldo nasceu em Olinda (PE) e faleceu em Olinda (PE), aos 55 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela sobrinha de Evaldo, Suzana Karla Caetano de Sá. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mateus Teixeira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 16 de setembro de 2020.