Evandrina Rodrigues

1942 - 2020

Dona Nenca só gostava de tomar café se fosse coado no pano.

Esta é uma carta que João Paulo escreveu para sua avó, Evandrina:

Minha avó era uma pessoa que amava estar sempre reunida com a família: os netos e filhos.

Era feliz com o que possuía e nunca deixou de fazer o que mais gostava: viajar para a praia.

Tinha o hábito de juntar toda a família nos finais de ano e então fazer uma viagem para a Praia Grande, para quebrar a rotina. Esse costume, pelo que ela me contava, vinha desde o final do ano de 1999. Ela ia todos, mas todos os anos mesmo, sem exceção.

Conhecida como Dona Nenca ─ todos a chamavam pelo apelido ─ por esse motivo, quase ninguém conhece seu nome verdadeiro. Sempre gostou de fazer o café de maneira bem mineira: com coador de pano. Não podia ser de papel. Ou era de pano, ou era de pano, senão, ela não fazia. E se outras pessoas fizessem no de papel, ela não gostava.

Ela constantemente contava sobre as viagens feitas no trem entre São Paulo e Santos. Ela gostava tanto de andar nesse trem!

Batalhadora, diariamente acordava bem cedo, fazia coxinhas para vender na avenida e ainda cuidava dos filhos, lavava roupas e dava de comer aos seus.

A última coisa que comentou pouco antes de falecer, foi que pretendia reformar completamente sua casa. Lembro-me até hoje o que ela falou no último dia em que fui à casa de minha avó: "Joãosito, você viu? Eu comprei uma caixa d´água nova, agora é só esperar o cara vir instalar e pronto! Não vamos mais ter problema com a água vindo fraca."

Acredito que a missão dela aqui já estava cumprida. Estarei sempre em débito de gratidão com ela por tudo que sei e por ter me tornado quem sou, pois o que essa mulher mais fez na minha vida foi me ensinar a ser uma pessoa boa.