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Evandro dos Santos Leite

1969 - 2021

Era com prazer que se reunia com os seus; abria as portas de sua casa para cafés e festas onde todo assunto era bem-vindo.

Evandro foi um homem extremamente carinhoso, que detestava confusão e era amigável com todos: em qualquer lugar que estivesse ele se tornava amigo das pessoas ao seu redor.

Casou-se pela primeira vez muito cedo e embora tenha se separado, continuou muito amigo da ex. "Meu pai sempre se preocupou com o bem-estar da minha mãe e em ajudar no que fosse possível" conta a filha do casal, Andressa. Mais tarde Evandro casou-se com Eliane, com quem permaneceu por vinte anos.

Ele foi um paizão para seus três filhos, seu maior orgulho. Sempre os abraçava e falava com os olhos marejados que eram sua paixão. Um pai amoroso e participativo, "que me ajudava a escolher tudo: escola, carro, faculdade, apartamento, sempre me acompanhando e pensando em todas as possibilidades comigo", relembra Andressa.

Ele era o elo da imensa família! As irmãs brincavam que se precisavam saber sobre alguém, era só ligar para ele, porque todo dia ele telefonava para perguntar como estavam, se importava e se preocupava de verdade com o próximo. Inclusive, ele teve três netinhas lindas e tornou-se um avô babão!

Amava viajar e preparar cafés em família, tornando a refeição em um momento de qualidade com os seus, onde conversavam sobre assuntos sérios ou sobre quaisquer trivialidades. Por se preocupar com todos gostava de ter notícias de cada um e ficar a postos para ajudar. Também amava a casa bem cheia! Então, as festas de Natal e os cafés eram sempre na casa dele.

E a casa não era só cheia de gente não, viu? Era repleta de animais, sua outra paixão. Inclusive, a filha Andressa se tornou médica veterinária por herdar do pai o amor pelos bichos. "Eu me lembro que, aos 4 anos, disse que quando fosse adulta queria cuidar dos animais e ele logo falou: 'você será veterinária'! A partir dali ele deu nome ao meu sonho".

Evandro e sua mãe, Terezinha, eram inseparáveis. Os dois nunca deixaram de morar juntos. Mesmo depois de casado, ele a levava para morar ao seu lado. Gostava de brincar com ela dizendo "Ê Dona Tê! Come muito hein?". Para além das brincadeiras, um dizia que não vivia sem o outro e de fato não viveram: Terezinha faleceu exatamente no mesmo dia, dois meses depois, pedindo por ele. Aos 93 anos, lúcida e saudável, entregou-se a saudade dele.

Empreendedor nato, Evandro foi um grande realizador. Começou como feirante, depois tornou-se contador, empresário, dono de salão de festas e por aí em diante. Dizia que um dia teria um salão de festas climatizado e bem bonito. Este sonho realmente se realizou! Depois, aventurou-se em ter uma pousada na praia. Sua primeira esposa dizia que até uma pedra do chão ele faria dar certo.

Quando não estava trabalhando gostava de realizar pescarias, fazer viagens, almoçar com a família, sentar-se no sofá para comer algum docinho e fazer músicas com o nome de todo mundo! Essa última habilidade mostrava o seu lado brincalhão e desperto para a felicidade.

Evandro foi um grande sonhador, trabalhador e conquistador.

Evandro nasceu em Jacareí (SP) e faleceu em São José dos Campos (SP), aos 52 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Evandro, Andressa dos Santos Leite. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Rayane Urani, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 1 de dezembro de 2022.