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Fátima Aparecida de Oliveira Costa

1960 - 2020

Apaixonada por festas e reuniões de família, ser mãe e ser avó eram suas principais ocupações.

Pensou em festa, pensou na Fátima. Sua alegria eram as reuniões. Sempre dedicada, gostava de produzir as decorações dos eventos, fazer as comidas, encher a árvore de Natal com bonecos de chocolate.

Uma das tradições da família era o doce de abacaxi. Nunca faltava nos eventos em que Fátima estava.

Cheia de dons, ela se virava fazendo artesanatos de todos os tipos. Na cozinha, tinha muitas especialidades. Fazia bolos de aniversário, tortas, panetones, salgados, e por aí vai.

Ao longo da vida, teve várias ocupações. Foi feirante, trabalhou como empregada doméstica, babá, cozinheira e, mais recentemente, era cuidadora de idosos. Profissões que sempre dividiam o tempo com sua ocupação e característica principal: ser mãe e avó. Nos períodos em que trabalhou fora, tinha o hábito de ligar para saber como todos estavam.

O cuidado era tamanho que, quando a filha Emily deu à luz, ela botou medo no guarda do hospital. O parto foi à noite e, em função do horário, visitas não eram permitidas. Dona Fátima foi até a maternidade e brigou tanto com o segurança que ele foi ao quarto chamar a filha. No fim das contas, Fátima foi a primeira a ver o neto recém-nascido e ainda virou amiga do porteiro.

Com a filha Pamela, o zelo era igual. Quando voltava do trabalho, por uma rua escura, ela ligava para a mãe e conversavam até ela chegar em casa. Quando apresentou o trabalho de conclusão de curso, era a mãe quem estava na plateia.

A família era mesmo tudo para Fátima. Casou com Francisco e teve duas filhas, Pamela e Emily. Também tinha um filho de “criação”, o Guilherme. Gui, como é carinhosamente chamado, era cuidado por Fátima quando criança. Ele gostava tanto da babá que a chamava de mãe. A cuidadora até tentou reverter, dizendo que não era sua progenitora. Não teve jeito. Ele insistiu tanto que ficou.

Chura, como era chamada desde menina, costumava dizer que tinha duas filhas de sangue e um de coração.

Fátima nasceu em Barueri (SP) e faleceu em Barueri (SP), aos 60 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Fátima, Emily de Oliveira Costa Pereira. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Larissa Paludo, revisado por Otacílio Nunes e moderado por Rayane Urani em 19 de setembro de 2020.