1955 - 2021
Quando não estava se dedicando ao exercício da Medicina, dançava e cantava ao som de Zeca Pagodinho.
Fátima foi uma médica oftalmologista que trabalhou por quarenta anos sentindo orgulho da profissão que escolheu.
Paralelamente, era apaixonada por moda, tanto que aos 60 anos, criou uma página no Instagram para inspirar outras mulheres e defender que não tem idade para falar sobre este ou qualquer outro assunto.
Para Letícia, sua filha, Fátima é assim definida: "Mãe, esposa, filha, irmã, amiga. Católica, foi um exemplo de fé, tratando todos com bondade e justiça, tanto família, amigos ou pacientes. Sua falta em nossas vidas é irreparável e a saudade é constante."
Fatinha, desde pequena, dizia que seria médica e, segundo sua irmã Adalgisa, essa vontade tão genuína que ela carregava foi uma dádiva de Deus em seu coração. Escolheu a área da oftalmologia e nela trabalhou durante 40 anos com orgulho pela profissão, ética e compromisso, demonstrando muito zelo pelos pacientes que atendia.
Em paralelo, era apaixonada por moda, tanto que aos 60 anos, criou uma página no Instagram para inspirar outras mulheres e defender que não tem idade para falar sobre este ou qualquer outro assunto.
Ultimamente, nas horas vagas, se dedicava à fotografia e utilizava sua página para empoderar, ensinar e encorajar suas seguidoras ao autoconhecimento, à autovalorização e a se vestirem gastando pouco, além de esclarecer sobre cuidados com a saúde, consumo consciente e comportamento.
Letícia, sua filha, define Fátima como: "Mãe, esposa, filha, irmã, amiga. Católica, foi um exemplo de fé, tratando todos com bondade e justiça, tanto família, amigos ou pacientes. Sua falta em nossas vidas é irreparável e a saudade é constante."
Já Adalgisa a via como uma pessoa bondosa, respeitosa e justa, que exercia com primazia todos os papéis que desempenhava: filha, irmã, esposa e mãe e fala dos fortes laços que povoam suas recordações: “Na infância, recordo de nós duas brincando no quintal de casa. Tínhamos diferença de idade de apenas um ano. Então, crescemos uma ao lado da outra e fazíamos tudo juntas. São incontáveis as lembranças maravilhosas que colecionamos durante todo esse tempo. Entretanto, o fato de tê-la como minha colega na turma de Medicina, certamente, foi uma experiência marcante! Fomos juntas cursar especialização no Rio de Janeiro. Enquanto ela cursava Oftalmologia, eu fazia Cardiologia. Os laços que já eram fortes, se estreitaram ainda mais. Estudávamos e passávamos unidas pelos percalços e realizações do cotidiano”.
E ela continua: “Nós sempre passávamos as férias juntas na casa de praia. Então, aproveitávamos a folga para beber uma cervejinha, enquanto ela, que amava as músicas do Zeca Pagodinho, cantava e dançava. Eu sempre brincava que ela interpretava e fazia a sonoplastia. Nossa folia atravessava a madrugada: bebíamos, cantávamos e dançávamos. Esses momentos eram maravilhosos!
“Minha irmã viajou inúmeras vezes para fora do Brasil. Entretanto, tínhamos um sonho em comum: viajar juntas para a Europa. Falávamos sempre sobre isso e tínhamos combinado de irmos após a Pandemia. Infelizmente, não deu tempo!”
“Na última vez que minha irmã foi em minha casa, jantamos vatapá. Então, sempre me lembro dela quando como vatapá e tacacá, prato típico paraense e que era muito apreciado por ela. Certa vez, voltando de uma viagem à França, trouxe o perfume J'Adore. Minha irmã amou o aroma e sempre que o sinto, é como se ela estivesse por perto”.
“Minha irmã querida, médica. Preocupada com a família, com seus pacientes. Responsável, agregadora. O maior ensinamento que ela nos deixou, certamente, foi de otimismo diante das mais variadas circunstâncias: mesmo nos piores momentos, ela sempre nos dizia: 'Calma! Vai dar tudo certo'! Minha irmã possuía uma fé inabalável em Deus. Ela também era uma pessoa muito dedicada à família. Cuidava de todos com zelo”.
“Mana Fatinha foi, e continua sendo, nossa inspiração na agregação familiar, pois era isso que ela fazia, reunia todos. Como médica, nos deixa o exemplo de compromisso com a ética, com os pacientes. Dela temos as nossas melhores lembranças. Te amaremos sempre”, conclui ela.
Fátima nasceu em Belém (PA) e faleceu em Belém (PA), aos 65 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha e pela irmã de Fátima, Letícia Fernanda Ramos de Oliveira Martins e Adalgisa Amélia Ramos de Oliveira. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Vera Dias, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Ana Macarini em 16 de agosto de 2023.