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Feliciano Esteban Corrales Lopez

1963 - 2020

Migrou do Direito para a Medicina; sorte das crianças que foram cuidadas por ele.

Feliciano era Fefê ou Dr.Feliz no ambiente de trabalho. Sempre fazendo brincadeirinhas, principalmente com as crianças que chegavam assustadas na Pediatria, seu setor de trabalho.

Com sua alma de criança, conservada por toda a vida, gostava de aprontar com filhos e sobrinhos; e, com seu lado sério, sabia se fazer presente e aconselhar em qualquer situação.

Formado como advogado na Bolívia e como médico no Brasil, carregava ideias peculiares sobre qualquer assunto.

Dono de uma bondade em seu coração infinito, teve na vida muitas paixões. Dentre elas a Gastronomia, a Medicina e a Arquitetura, além da mania de desfilar mostrando toda sua beleza.

Nas horas livres gostava de um bom churrasco em família ao lado dos filhos, jogar sinuca e planejar como seria sua aposentadoria.

Waleska, sua filha, recorda de inúmeras histórias que, em sua opinião, jamais serão esquecidas; é que seu pai tinha uma forma inusitada de demonstrar sentimentos, como na ocasião em que a moça conquistou a primeira carteira de motorista. Conta ela: “Tinha acabado de tirar a minha CNH e fui toda feliz para mostrar a ele, já que eu não dirigia muito bem. Ele estava na cozinha bebendo água, me abraçou forte, me deu parabéns e de repente, quebrou um ovo na minha cabeça.”

Ela relembra ainda que ele sempre foi muito organizado em relação a tudo e exigia o mesmo de todos que eram próximos. Entretanto, na última viagem com a família para o Carnaval de Oruro, na Bolívia, ele descumpriu esta sua regra: “...Fomos parados pelo guarda que pediu o documento do carro e ele procurou, procurou, até o guarda falar que já havia olhado pela placa do carro. Ele havia esquecido o documento e não dava tempo de voltar para buscar porque iríamos perder o voo.

Ele que era sempre tão atento, acabou por esquecer os documentos do carro numa viagem internacional. Waleska relata que ninguém deixou esse fato passar em branco, "Na volta viemos falando: 'Feliciano como você esquece o documento, se eu ainda te perguntei se tinha pegado? Logo você, a memória está ficando fraca, hein !?'" E ele, que tinha certeza de estar portando os documentos, respondia quase sem reação: "Eu concordei porque você fala muito.", e acrescentava: "Esta viagem, vocês jamais esquecerão!"

Feliciano tinha toda razão. Pois, não só esta viagem, mas sua bonita história de vida, suas brincadeiras, alegria e conselhos, jamais serão esquecidos.

Feliciano nasceu Oruro, Bolívia e faleceu Dourados (MS), aos 56 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelos filhos de Feliciano, Waleska Krishna Macedo Corrales e Walker Irving Macedo Corrales. Este tributo foi apurado por Thaíssa Parente, editado por Vera Dias, revisado por Neuclenia Ferreira e moderado por Rayane Urani em 13 de setembro de 2021.